Wednesday, May 20, 2015

VOVÓ, MAMÃE, TITIA E O DOCE DELEITE DE UM AMARCORD FLATULENTO

Em Muzambinho, no Triângulo Mineiro, na fazenda onde eu nasci e fui criada, era muito comum fazermos churrasco com carne de porco. Papai adorava. Vovó então, comia carne de porco até se empapuçar. Já mamãe evitava, e sempre me dizia: 

"Você é uma menina, vai peidar muito se comer carnes perfumadas assim, melhor evitar". 

Eu nunca questionei. Respeitava muito os conselhos de Mamãe. Era uma mulher muito esclarecida. Tudo o que ela dizia, eu simplesmente acatava. Mas confesso que achava que havia um pequeno exagero naquilo tudo. Tanto que, sempre que mamãe não estava por perto, nunca deixei de comer carne de porco, e nunca me senti flatulenta nas horas seguintes. Mas comia com moderação, ao contrário de Vovó. 

De qualquer maneira, o conselho de Mamãe permaneceu aceso em minha mente como um alerta. Até hoje, aos 69 anos de idade, ele continua acoando na minha cabeça. 

Pois bem: nesse último domingo de Páscoa, fui convidada para almoçar no sítio à beira da represa, em Riacho Grande, de um casal amigo que é babado fortíssimo, com quem andei brincando de "threesome" tempos atrás. Fui achando que iriam servir uma bacalhoada, ou algo assim. Para minha surpresa, o almoço de Páscoa foi Churrasco. Pior: um churrasco temático, só com cortes de Carne de Porco. 

Encarei com algum receio e com muita parcimônia, sempre lembrando dos conselhos de Mamãe. Mas então a conversa foi ficando mais quente, e eu, que era meio reticente a costelinhas ao molho barbecue -- achava que era coisa de texano viciado de catchup -- , fiquei encantada. Nunca tinha provado algo tão divino. Lá em Minas não se come dessas coisas. Acabei comendo muito além do que devia. Depois fiquei pensando:

 "Bom... melhor parar por aqui, pois se esses dois me chamaram com segundas e terceiras intenções, posso ter problemas digestivos durante a noite e aí não vai ser nada legal". 

Mas não, foi tudo muito tranquilo, deu tudo certo. Realmente os dois tinham outras intenções comigo. Dormimos juntos os três, depois de quase três horas de muita sacanagem à beira da lareira da casa. Impressionante como faz frio à noite à beira daquela Represa. 

Mas, por volta das 4 da manhã, aconteceu o que eu temia: acordei com muita vontade de peidar. Fui ao banheiro no meio da madrugada sem acordar os dois e fiquei horrorizada com o fedor que emanava de dentro de mim. Carne de porco já é naturalmente perfumada, com aquele molho adocicado então é um perigo. Fiquei mais de meia hora no banheiro, até me sentir segura para voltar a encarar o mundo lá fora. Deixei o vitrô aberto quando saí, peguei um ventilador com pedestal que vi pela casa e o trouxe para dentro do banheiro, onde o deixei ligado e empurrando o ar carregado para fora. Dez minutos depois, não havia mais o menor sinal do cheio ruim.

Depois daquilo, não tive coragem para voltar para a cama com eles. Tomei um banho, fiz um café e fui para a varanda da casa ver o dia amanhecer, enquanto lembrava de minha infância na fazenda. 

Aquela enorme Represa esvaziada pela Seca no Sudeste, que lembrava mais um rio pequeno, me levou de volta a Muzambinho, e às estrepolias que eu fazia com as primeiras meninas e os primeiros meninos da minha vida.

Os primeiros meninos da minha vida foram, claro, meus primos, que moravam em fazendas no Triângulo Mineiro, e que eu via muito esporadicamente. Confesso que tinha um pouco de medo deles. Mamãe, que foi iniciada sexualmente por primos antes de conhecer Papai, me deu muitos conselhos nesse sentido assim que completei 14 anos de idade e passei a ter um corpo atraente. 

Mamãe dizia: "Filha, tome muito cuidado, vida na roça tem poucos atrativos, e é natural que a gente acabe se envolvendo sexualmente com primos ou com peões da fazenda. Foi assim comigo. Dei pra muita gente. Por sorte, nunca engravidei, nem peguei doenças, e ainda encontrei um companheiro muito compreensivo no seu pai. Tome cuidado. Esses meninos fazem sexo com animais, frequentam prostitutas que desconhecem higiene pessoal e espalham sífilis e gonorreia por aí sem o menor constrangimento. Essas mulheres não tem a menor preocupação em educá-los sexualmente para que virem bons companheiros de cama para suas mulheres. Minha preocupação maior é que você engravide, ou pegue alguma doença deles. É muito perigoso. Saiba escolher bem os seus futuros parceiros sexuais. Não tenha medo de deixar de ser virgem, mas seja cautelosa."

Era a voz da experiência falando, e eu ouvia com muita atenção. Sempre que a família se reunia, rolava um assédio dos meninos pra cima de mim, um ou outro me chamava para cavalgar pela fazenda logo pela manhã, e eu dizia não. 

Mas a curiosidade sexual é muito forte nessa idade. E eu nunca fui de ferro. Daí, em vez de dar para meus primos me comessem, preferia saciar minha curiosidade sexual brincando com meus dois irmãos mais velhos, que se escondiam para me ver tomando banho no rio. 

Não fazia nada demais com eles. Deixava que me apalpassem e me chupassem. Fazia boquetes neles, e deixava eles gozarem na minha boca. Batia punheta para eles dois ao mesmo tempo. Me esfregava com eles, trocávamos carícias, mas penetração, nem pensar. Cheguei a ameaçar os dois uma vez, dizendo que se forçassem a barra comigo usando de violência, eu contaria tudo para a família inteira e a brincadeira acabaria. Eles acataram. Eram bons meninos. 

De certa forma, eu sempre tentava passar para eles as lições de vida que Mamãe passava só para mim: que zoofilia não é legal, que putas gonorrentas e sifilíticas devem ser evitadas ao máximo, e que o importante era que eles se relacionassem com mulheres limpas e fossem bons amantes para elas. 

Era engraçado eu dar tantos conselhos para os dois sem ter nunca dado para ninguém na vida. 

Mas, mesmo assim, acho que tive um papel fundamental na formação dos dois. 

Houve uma vez, no entanto, em que um primo meio distante, lá de Uberaba, se insinuou e eu cedi aos encantos dele. Não aguentava mais fazer tanta sacanagem com meus irmãos e continuar virgem. Estava na hora de dar um passo adiante naquela brincadeira repetitiva. 

Fomos tomar banho de rio juntos e depois viemos para a margem. E, para meu azar, não foi nada bom. O coitado fodia muito mal, era completamente desajeitado. Pensei que por ser da cidade, ele tivesse outro tipo de experiência de vida. Ledo engano. Deve ter sido escolado por umas putas bem primárias. 

Só serviu mesmo para me libertar do maldito lacre vaginal. 

Daí em diante, me senti uma mulher livre. 

Livre inclusive para nunca mais querer foder com outro homem depois daquilo, se fosse o caso.

Mas não foi o caso, claro. 

Pelo contrário, despertou minha curiosidade pelas minhas primas. 

Devorei uma por uma antes de completar 16 anos. 

Quando casaram -- mulher casa muito cedo em Minas --, passaram a me evitar como o diabo foge da cruz. 

Duas delas, depois que enviuvaram, voltaram a me procurar. Uma chegou até a me dizer que era eternamente grata pelos momentos que proporcionei a ela. Não disse nada a ela, achei aquilo tudo muito triste. 

Graças aos conselhos de Mamãe, não tive a vida patética que elas tiveram.

Enquanto amanhecia, eu olhava para a Represa vazia, que mais parecia um riacho, e lembrava de um momento muito especial que tive com uma tia aos 17 anos de idade na fazenda. 

Essa tia era uma prima bem jovem da minha mãe, tinha não mais que 30 anos na ocasião, e era considerada solteirona para os padrões da família. 

Rolava uma dessas festas de família lá na fazenda. A casa estava cheia e, para acomodar a família toda, me colocaram junto a ela em colchonetes no chão do quarto da Vovó. 

Como Vovó tinha problemas sérios de flatulência, era simplesmente impossível dormir no mesmo quarto com ela depois de um churrasco. 

Nós duas passamos aquela noite em claro, longe do quarto empesteado por aquele fedor ancestral. Primeiro fomos para a sala, onde conversamos calorosamente, nos insinuando uma para a outra o tempo todo. 

Quando a conversa esquentou pra valer, trocamos beijos, depois pegamos algumas toalhas e fomos tomar banho nuas no rio. Foi maravilhoso. Pela primeira vez, eu estava diante de uma mulher de verdade, não de priminhas atrapalhadas que mal sabiam se masturbar. 

Titia era craque. Sapa de armário com anos e anos de experiência na Velcrolândia de Belo Horizonte. Me ensinou truques inestimáveis. Brincava com as reações do meu corpo com uma maestria assombrosa. 

Pela primeira vez na vida, senti o que era a verdadeira satisfação sexual.

Titia casou pouco depois disso com um médico e mudou para a Alemanha. 

Nunca mais a vi. 

Sei que ainda é viva, sei que o casamento foi de fachada -- o médico é do babado também --, mas nunca mais nos falamos desde então. 

Provavelmente, ela não tem a menor noção do quanto foi importante para mim. 

Confesso que morro de medo de reencontrá-la novamente. Sempre que vejo Natália Timberg e Fernanda Montenegro juntas aos 80 e tantos anos trocando beijos na novela das 9 da TV Globo, tenho certeza de que não quero vê-la novamente. 

Prefiro ter Titia linda e jovem, cristalizada nas minhas lembranças. 

Já passava das Sete da Manhã e eu decidi descer a Serra logo cedo, mas liguei antes para meu chefe Manuel Mann -- vocês o conhecem bem --  para saber se a entrada de Santos ainda estava interrompida por conta do Incêndio nos Tanques de Combustível. 

Manuel me tranquilizou dizendo que estava tudo bem, para descer tranquila, e pediu que eu estmasvesse no Café Carioca (Praça Mauá, ao lado do Palácio da Prefeitura), às 11 da manhã para um brunch com pasteizinhos (5 reais cada) e bolinhos de bacalhau (6 reais cada), onde faríamos uma reunião de pauta e ele me apresentaria duas estagiárias recém-contratadas -- "muito talentosas", diz ele -- que pescou numa palestra recente que deu numa Universidade em Santos.

Então eu desci. 

Sem pressa. 

Pensando na Titia, e naqueles momentos inesquecíveis ao lado dela.

E, claro, curiosa para checar o shape das novas garoupinhas do Manuel, pois aquele portuga galante não dá ponto sem nó. 

Assim que passei pelo Incêndio nos Tanques de Gasolina na Entrada de Santos, pensei cá com meus botões: "Ainda bem que a crise de flatulência que herdei de Vovó ficou lá, na atmosfera de São Bernardo do Campo. Já pensou que perigo passar diante desse fogo todo aqui com tantos gases tentando escapar do corpo da gente?"


Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA




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