Wednesday, May 20, 2015

MEU DOCE CARNAVAL COM VAL


Meu nome é Jurema Cartwright, tenho 69 anos de idade e sou lésbica desde que me lembro por gente. 

Meu hímen rompeu muito cedo, aos 6 anos, de tanto que eu me esfreguei na estátua do leão no Jardins da Praia, passando férias de verão em Santos. 

A partir daquele momento eu senti que uma espécie de Revelação havia tomado conta de mim -- e quando voltei das férias, já não era mais a mesma menina.

Foi quando descobri que tinha um apreço todo especial por carícias embrutecidas. 

E graças a esse insight, pude aproveitar o melhor da minha infância num Colégio de Freiras em Muzambinho, Minas, explorando os pequenos corpos de minhas coleguinhas de classe com toda a sorte de brincadeiras sexuais que passavam pela minha cabeça -- desde o antigo primeiro ano primário.

Sempre fui bastante ativa e criativa. Minhas parceiras sexuais nunca reclamaram de tédio. Nunca souberam o que é rotina. Nunca tiveram tempo de olhar para o forro das inúmeras alcovas onde as levei e formular pensamentos do tipo: "Uhmmm... esta casa está precisando de uma pintura". Consequentemente, elas nunca saíram da minha vida em definitivo. Sempre voltaram ao cenário do crime, fazendo participações especiais de tempos em tempos.

Pensei em estrear como cronista nesta prestigiosa publicação traçando uma panorâmica rápida em minha história de vida, resgatando histórias e casos pitorescos de outras épocas.

Mas isso pode esperar.

Nessa primeira crônica, eu decidi aproveitar a oportunidade para defender perante a opinião pública uma das mulheres mais intensas, mais safadas, mais insaciáveis, mais inusitadas e mais autênticas que este país já conheceu.



Sim, estou falando da minha querida Valdirene Marchiori -- Val, para encurtar.

Conheci essa Scarlett O'Hara do Século XXI cerca de 20 anos atrás num Salão de Cabeleireiros meio derrubado visualmente, mas bom, na Rua Pamplona, em São Paulo. 

Foi paixão á primeira vista. 

Descobri rapidamente o quão batalhadora ela é desde a mais tenra idade, enquanto éramos submetidas simultaneamente a um tratamento revolucionário apropriadamente batizado de "UTI Capitar". 

Ficamos encantadas uma com a outra. Levei-a para conhecer a fazenda que herdei de meus pais em Muzambinho. Viajamos juntas para um Resort nas Ilhas Maldivas. Tivemos um Carnaval inesquecível na Marquês de Sapucaí, em companhia de Terezinha Sodré e Marisa Urban. 



Um belo dia, numa festa em São Paulo, apresentei-a a Johnny Saad, que se encantou com ela e rapidamente a encaixou num quadro do programa Amaury Jr. E então, quando Amaury seguiu para a Rede TV, Val seguiu com ele, mas não por muito tempo. Logo ela voltou para a TV Bandeirantes. Virou uma estrela. Dalí para o "Mulheres Famosas", só foi um pulinho. Pena que o estrelato de Val tenha custado tão caro para nós duas. Nossas agendas passaram a não combinar mais, e passamos a nos ver cada vez menos.

Quando vi o nome dela nos jornais alguns meses atrás, envolvida num empréstimo supostamente fraudulento concedido pelo Banco do Brasil, pensei com meus botões: "Só falta esses crápulas do PT envolverem minha amiga rica e famosa num escândalo para desviar a atenção de suas falcatruas". Liguei para ela para demonstrar solidariedade diante de um momento difícil como aquele, e então fiquei sabendo de toda a tórrida história de amor que ela vivia -- e ainda vive -- com o então Presidente do Banco do Brasil e atual Presidente da Petrobrás Aldemir Bendini. 



Naquele momento, Val partiu meu coração. Mas antes mesmo que eu ficasse com a voz engasgada no telefone, ela me disse: "Helloooo! Deixa de ser bobinha, Ju... Você sabe muito bem que tem lugar no meu coração para mais que uma única pessoa"

Resultado: enquanto Aldemir -- que eu espero ter a chance de conhecer pessoalmente qualquer hora dessas -- dribla adversidades em seu novo cargo e dá duro lá no Rio para prender Inglês em tempo recorde, Val e eu aproveitamos a deixa e passamos juntas este último Carnaval entre Santos e Guarujá. Val trouxe na bagagem vários óculos escuros e uma peruca escura, para poder circular comigo por aqui sem chamar atenção -- e deu certo, em momento algum fomos importunadas por fãs ou paparazzi. 

Choveu muito o Carnaval inteiro. Saímos muito pouco de casa. O almoço e o jantar eram entregues em casa pelo Restaurante e Pizzaria Van Gogh. E os sorvetes vinham da Royal, alí pertinho. 

Tivemos momentos íntimos inesquecíveis em meu apartamento no José Menino, com vista para o Oceano Atlântico. 



Mas então, nesta última terça, Val me surpreendeu com um pedido no mínimo exótico logo ao acordar. Queria sair para comer pamonhas. E veio pedir isso justamente para mim, uma expert em baixa gastronomia que pesquisa incansavelmente iguarias comercializadas em botequins e ambulantes para essa minha coluna e para um guia que deve ser publicado futuramente. 

Pois levei Val (disfarçada, é claro!) até a Feira da Rua Oswaldo Cruz, no Boqueirão, onde toda terça, entre a Rua Bolivar e a Avenida Epitácio Pessoa, é montada uma barraca com doces e salgados feitos à base de milho. Val ficou encantada com aquilo tudo, pois não pisava em uma Feira Livre desde a sua infância pobre em Apucarana. 

Val provou duas pamonhas: uma salgada recheada com queijo branco derretido, e uma pamonha doce recheada também rechaeada com quejo derretido, ambas deliciosas. Eu comi apenas uma pamonha, salgada e sem recheio algum, extremamente cremosa, no ponto certo. 

(cada uma das pamonhas custou 4 reais, e o saquinho com quatro pamonhas, a escolher, saiu por quinze reais) 



Dalí, seguimos para a esquina da Oswaldo Cruz com Bento de Abreu, na Barraca de Pastéis Asako, para que Val provasse os pastéis de camarão e de palmito mais saborosos da cidade. Como não estávamos com fome, optei por levar os pastéis crus, para fritar em casa mais à noite. 

Foram seis pastéis no total (4 reais cada) e ainda ganhamos de presente do simpático casal de proprietários da barraca um copinho tampado com o molho vinagrete delicioso que eles servem por lá.

Voltamos para casa felizes a serelepes, e ... bem, o que fizemos a seguir vai ter que ficar por conta da imaginação de vocês. Tudo o que posso dizer é que foi uma terça-feira de Carnaval inesquecível. 

Hoje é quarta, quase fim de tarde. A chuva parece ter dado uma pequena trégua, mas já já ela volta. O chauffeur de Val acaba de levá-la de volta a São Paulo. mas o perfume extremamente doce que ela usa não só continua por aqui como não deve desentranhar da casa tão cedo.

Melhor assim.





Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA.













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