Wednesday, May 20, 2015

EU, AS MULATAS E OS CAMINHONEIROS EM GREVE



Adoro carícias embrutecidas. Desde pequena. É da minha natureza, não adianta. 

Já Sadismo e Masoquismo não me interessam nem um pouco, acho coisa de gente doente. 

Na verdade, eu gosto mesmo é de truculência. 

Adoro sair arrepiando nessa mulherada recém-chegada ao Universo do "Amor Entre Iguais" que pensa que sexo entre mulheres é "um lance mais climático" pelo simples fato de não ter um "falo duro no meio das pernas" conduzindo o carrossel em alta velocidade. 

O importante é ter pegada. Tendo pegada, o "falo duro no meio das pernas" pode até ser totalmente dispensável. Eu sempre me garanti nesse meio de campo. Mesmo assim, não confio 100% no meu taco. 

Se eu sinto que pegada não é o suficiente, não hesito recorrer à minha coleção de gadgets eróticos de última geração para por ordem no galinheiro. Pobre de quem não tem um Plano B, um Plano C e um Plano D na cartola para não fazer feio na hora do vamos ver. 

Tem mais: toda lésbica recém-abduzida precisa de manutenção constante, caso contrário a opção sexual pela velcrolândia corre o sério risco de não se concretizar pra valer, pois as chances das neo-sapinhas voltarem a procurar parceiros com um "falo duro entre as pernas" é sempre alta. 

Aprendi isso a duras penas. 

Hoje, não corro mais riscos inutilmente.




Enfim, estou falando tudo isso porque essas três últimas semanas foram difíceis para mim. 

Muito desgastante ter que correr até São Paulo quase todos os dias a trabalho, enfrentando na volta a Santos uma série de adversidades, que vão desde chuvas torrenciais na Serra do Mar até uma incômoda greve de caminhoneiros contra medidas desastradas cometidas pela "Presidenta" Dilma Rousseff, que atrasou a vida que quase todos os que ficaram presos no trânsito da estrada durante vários dias.

No primeiro dia em que dei de cara com a greve dos caminhoneiros no meu caminho, fiquei profundamente irritada. 

O que me salvou de minha própria irritação foi uma preciosidade que encontrei num Sebo em Pinheiros logo após o almoço: um exemplar da primeira edição de "Eu e o Governador", magnífico romance de Adelaide Carraro, autografado, que li há mais de 40 anos, e que está há muito fora de circulação nas livrarias.

 Comecei a ler o livro sentada ao volante e aguardei calmamente até poder seguir viagem de volta a Santos.


Mas, no dia seguinte, a mesma cena se repetiu novamente. 

E, dessa vez, eu não tinha "Eu e o Governador" para me salvar do tédio absoluto. 

Tentei ouvir rádio para acalmar e deixar o tempo passar, mas me irritei mais ainda. Então, saí do carro e fui até a beira da estrada conversar com os caminhoneiros grevistas e saber mais mais detalhes sobre o porquê daquilo tudo. 



Foi quando conheci Janine, uma mulata bem robusta e bem falastrona que dirigia um dos caminhões. A julgar pelo olhar que ela disparou para mim, presumi que ela fosse do babado. Puxei conversa com ela, e logo percebi que estava enganada. 

Ela me contou sua história: tem casa em São Vicente onde vive com uma irmã funcionária pública, é viúva há dez anos, herdou o caminhão e a profissão do marido e tratou de tocar a vida em frente, sem olhar para trás, Nunca teve filhos. Gosta de homens, mas não quer saber de mais nenhum homem metendo o bedelho em sua vida. O finado marido a maltratava muito. Quando ele morreu, ela deu graças a Deus, e encerrou em definitivo o capítulo "casamento" em sua vida. Parceiros de cama agora só eventuais, e olhe lá.

Claro que eu, que sempre fui metida a abelha-rainha, adorei o desafio que ela estava colocando para mim. Quanto mais sentia que ela seria difícil de arrebatar, mais interessada ficava em tentar abduzi-la. Tratei de descobrir quais eram as coisas que mais interessavam a ela. Respostas: Candomblé, Culinária, Alcione. Disse para mim mesma: "Não vai ser fácil, mas acho que eu chego lá"

Quando o trânsito na estrada normalizou, e vários caminhoneiros começaram a ir embora, propus a ela sairmos para comer alguma coisa. Ela agradeceu, mas declinou. Disse que continuaria fazendo vigília na estrada até o dia seguinte. 

Eu então fui embora, sem me despedir. 



Chegando em Santos, passei numa pizzaria bem fuleira na Avenida Nossa Senhora de Fátima, que ainda estava aberta, encomendei 10 pizzas grandes e voltei para a estrada trazendo comida para ela e para todos os caminhoneiros que estavam de vigília noturna. 

Janine sorriu aprovando minha atitude. 

Pensei comigo mesma: "Agora essa cavalona cai na minha rede"

Não caiu.


Fiquei ao lado dela a madrugada inteira -- que estava magnífica, com o céu aberto, totalmente estrelado -- e ela não se rendeu ao meu xaveco. 

Conversamos sobre um milhão de assuntos diferentes, de forma bastante calorosa, como se nos conhecêssemos há anos, mas sempre que eu tentava um corpo a corpo, a danada escorregava. 

Assim que começou a amanhecer, o sono começou a me derrubar por completo. Liguei para São Paulo desmarcando um compromisso que teria para as 11 da manhã e disse a ela que iria para casa dormir um pouco. 

Convidei-a para vir comigo. 

Ela agradeceu sorrindo e disse que continuaria no posto até ser rendida por algum outro caminhoneiro. Trocamos telefones e endereços, mas confesso que desisti de procurá-la nos dias seguintes. Preferi presas mais fáceis. 




Duas semanas mais tarde, no domingo em que se comemorou o Dia Mundial da Mulher, eis que Janine liga para mim, dá parabéns pelo nosso dia, vem com uma conversa estranha de que queria me ver e que queria também me apresentar para alguém. 

Propus que viessem até meu apartamento. 

Elas vieram. Ela e a irmã mais nova, Jacyrene. As duas muito parecidas fisicamente. Mas com uma grande diferença: Jacyrene gosta de mulheres. Já chegou escancarando suas preferências e contando histórias do arco da velha. Babado fortíssimo.

Foi só aí que eu finalmente entendi qual era o jogo de Janine. 

Deixei rolar, claro!

As duas disseram que estavam com fome, mas queriam mesmo é encher a cara de cerveja.



Saí com as duas e fomos até o Bar Goiás, um botequim bem simpático que fica há mais de 40 anos na esquina da Rua Goiás com o Canal 3. Os donos são portugueses que falam pelos cotovelos e que -- como todo português que se preze -- não paravam de vir até a mesa, de tão encantados que estavam com as duas mulatas com shortinhos bem apertados e decotes generosos. 

Num determinado momento, os dois pararam de vir, e começamos a ser atendidas pela mulher de um deles, que, imagino, não estava achando a menor graça no galanteio dos dois gajos. 

Foi muito engraçado.



O bar é bastante descontraído, e o atendimento não deixa a desejar. 

Estava tudo perfeito. 

As cervejas, Heineken 600 ml, chegaram à mesa no balde com gelo na temperatura certa, deliciosamente azedinhas.

Os preços eram bem camaradas. 



Já os bolinhos de bacalhau que pedimos estavam deliciosos, molhadinhos, com batata na medida certa e extremamente crocantes por fora. 

Paguei 80 reais em duas porções bem generosas com doze unidades cada. 


Depois que saímos de lá, meio bêbadas, fomos ao Radio City Café, do meu amigo Cláudio Mussi, no Parque Balneário Shopping, talvez o melhor espresso de Santos.

A ambientação da casa é muito simpática e tem a ver o métier do Cláudio, que é dono de várias emissoras de rádio aqui na cidade.

Ele nos recebeu com muita satisfação em seu estabelecimento.

Sentamos numa mesinha lá fora, na passarela do Shopping. 

Todos os que passavam não conseguiam deixar de olhar para as duas exuberantes irmãs. 

Na verdade, eu também estava encantada, e perguntava a mim mesma quais seriam as minhas chances de arrastar as duas para minha cama -- mas não arrisquei nenhum prognóstico.

Fiz bem em não arriscar. 

Janine foi embora de mansinho assim que chegamos em casa, alegando que tinha um frete para pegar na manhã seguinte e precisaria estar bem descansada antes de cair na estrada. 

E com isso, meu sonho de consumo de um "threesome" com elas duas ficou adiando sabe-se lá até quando. 

Tudo bem, um dia eu ainda pego essa neguinha ensaboada.





Fizemos sexo a tarde inteira, Jacyrene e eu. Do jeito que eu gosto, no pancadão. Fiquei surpresa com a pegada forte da mulata. Confesso que perdi completamente o rebolado com ela em alguns momentos. Não foi nada fácil responder às investidas truculentas dela na mesma moeda. Por mais que não aparente, sou uma mulher de 69 anos. Jacyrene ainda não tem 40. 

Bem feito pra mim, que ainda achava ter physique-du-role para posar de abelha-rainha para garoupinhas 30 anos mais jovens que eu... 

Depois de horas e horas de muita putaria, preparei um omelete enorme com lascas de presunto parma e pedrinhas de queijo parmesão para nós duas. Bebemos mais algumas cervejas -- dessa vez, optamos pela Paulistânia Red, uma cerveja Lager deliciosa, bem avermelhada, fabricada no interior do Estado de São Paulo. 

Por volta de oito e meia da noite, já meio bêbadas novamente e completamente nuas, xingamos muito a "Presidenta" Dilma Rousseff da varanda lá de casa. Parece até que tem um vídeo de nós duas peladas circulando pela web. Não vi ainda. Estou curiosa.

Depois voltamos para cama e começamos tudo de novo, com intensidade redobrada, muito som e muita fúria, como tem que ser. 

Como diria a Rita Lee: "Acordamos o cortiço".


Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA.




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