Wednesday, May 20, 2015

CALOR NA BACURINHA NO EQUINÓCIO DE MARÇO


Tinha um roqueiro inglês dos anos 1970 bem viadinho chamado Tom Robinson, que cantava uma musiquinha panfletária bem chocha que lembrava The Kinks, só que sem o senso de humor implacável das canções de Ray Davies, líder dos Kinks, chamada "Sing If You're Glad To Be Gay". Virou hino na época, apesar de não merecer.

Pois bem: eu acho um saco esse nhem-nhem-nhem de "Glad To Be Gay". Odeio fazer parte (indiretamente) desse embuste chamado Gay Pride. Tudo conversa pra biba dormir. Bichas podem ser muito divertidas 30% do tempo, mas nos outros 70% são insuportavelmente chatas. 

Verdade seja dita: Sapas Have More Fun!




Eu sempre fui Sapa. E sempre tive plena consciência das minhas preferências sexuais. Sim, porque preferência, para mim, não é sina. É preferência, apenas. O fato de ter um apreço todo especial por bucetinhas nunca foi um empecilho para que eu fizesse fizesse barba, cabelo e bigode em uma piroca de tempos em tempos. Sou Sapa, mas, antes de mais nada, sou mulher prá caralho. Me desculpem o linguajar chulo, mas cansei de não ser compreendida por ser sutil demais. 

O caso é que todo ano nessa época, em pleno Equinócio de Março, bem no início do Outono, acontece alguma espécie de transformação em mim, e, repentinamente, volto a ter vontade de brincar com os meninos. Falando português bem claro: volto a ter vontade de levar rola na perseguida. É uma espécie de chamado selvagem, de um tipo que Jack London jamais entenderia. Um comichão sazonal. Dura uns dez dias, e depois passa. Mas, enquanto dura, provoca sempre uma série de acontecimentos pitorescos na minha vida.




Para que vocês tenham uma ideia, teve uma vez, 40 anos atrás, que eu embarquei numa festa de meninos -- uma surubinha soft com três amigos, em que rolou uma DP bem carinhosa. Pois bem: um mês depois da brincadeira, eu descobri que estava grávida. Pensei comigo mesma: "É muita sacanagem! Faço isso uma vez a cada ano, não é justo eu ser penalizada assim!". Qualquer um dos meus três amigos poderia ser o pai. Esperei mais um mês e meio para ver se não brotava em mim alguma espécie de instinto materno. Nada. Então não tive dúvidas: peguei o endereço de um obstetra que tinha uma clínica de abortos clandestina, e me internei lá. Já internada, eu dizia para o obstetra: "É possível uma coisa dessas, Doutor? É ou não é muito azar? Eu sou Sapa! Eu não mereço passar por isso! Em seus muitos anos de profissão, o Senhor já cuidou de algum caso semelhante ao meu?" Ele ria meio assustado comigo e balançava a cabeça, indicando que não. Pensei comigo mesma: "Meu Deus, só eu para conseguir deixar um médico aborteiro enrubecido!"

Pois bem: o Outono acaba de chegar e já estou sentindo os velhos comichões novamente. Nunca falha, é impressionante. Isso sim é que é Instinto Selvagem, o resto é perfumaria. E que atire a primeira pedra quem nunca viveu um momento Dr. Jeckyl & Mr. Hyde. 



Nesses dias, o jeito é fazer como as mulheres solteiras e (ou) descoladas fazem: Vou à Caça. 

O fato de ter 69 anos de idade poderia ser um problema, mas, curiosamente, ainda não é. Engano bem a minha idade. Estou em forma, inteiramente recauchutada, com seios novos bem bacanas -- tenho muito orgulho deles! -- e minha velha bucetinha inteiramente redesenhada, para esconder sinais de velhice. Como dizia um velho amigo, não há nada mais bandeiroso que buceta de velha: é escura por fora e vermelha lá no fundão, como um Rosbife que assou demais no forno. A minha era assim até dois anos atrás. Não é mais. Ficou linda, está parecendo bucetinha de adolescente. Está tão apertadinha que tenho até medo de foder com algum bofe bem dotado demais nesses primeiros dias de Outono. Por sorte, os homens que peguei nesses últimos dois anos tinham trombas com dimensões de acordo com meus novos orifícios. Sim, porque meu cu também passou por um "extreme makeover". Ganhei pregas novas em folha, e está tudo rosinha que nem cu de bebê depois de várias sessões de clareamento anal. Modéstia à parte, estou uma bonequinha aos 69 anos.



Então, se antes eu me vestia para matar na hora de ir à caça, hoje eu pego mais leve. Ao invés de apostar minhas fichas num traje sexy e provocante, que pode destoar demais da minha idade, hoje eu prefiro colocar um vestido discreto, fino e levemente sensual, que indique claramente que não estou usando nem soutien e muito menos calcinha. Capricho no make-up e vou à luta.

Sexta-feira passada, no auge do comichão, fui a um bar cuja dona é uma velha amiga, e que é frequentado por pessoas de meia idade aqui da cidade. Assim que cheguei, sentei à mesa dela -- sempre uma mesa grande, agregadora, com dois casais e alguns homens e mulheres desgarrados -- e me preparei para flertar com algum dos homens presentes.

Mas antes mesmo que eu começasse a fazer isso, senti uma mulher muito interessante olhando fundo nos meus olhos. Era uma advogada de cinquenta e poucos anos, bonitona, olhos claros, com um jeitão meio austero, mas sorridente o bastante para me cativar de imediato. Seu nome: Wilma. Começamos a beber e conversar, e duas horas depois já estávamos lá em casa, nuas e completamente bêbadas na minha cama, dando tapões na bunda uma da outra com raquetes de ping-pong, e rindo muito. Pedi para que ela me fodesse com uma cinta peniana que comprei um dia desses pelo Correio e ainda não tinha estreado. Ela gostou bastante, nunca tinha feito isso. Depois foi minha vez no troca-troca, que durou até a manhã de sábado. 
Como Wilma também gosta de homens, combinamos ir à Caça juntas no sábado, e seguimos até uma boate no Centro da Cidade. Pegamos dois garotões do tipo "bimbo", marombados de praia, com alma de gigolô, que logo acharam que iriam se criar em cima de nós duas, que posamos de mulheres carentes. Na cabeça desses bofes, depois de uma ou duas sessões de sexo olímpico, quase heróico, iriam morder nossas carteiras pelo tempo em que implorássemos que permanecessem ao nosso lado. Mal eles sabiam que seriam descartados logo depois da primeira noite. Propusemos a eles uma surubinha, com nós quatro juntos num hotel. Foi muito bom. Para mim foi curioso embarcar numa suruba depois de tantos anos. Infelizmente, não teve a leveza que costumava ter lá atrás, em tempos pré-AIDS. Mas foi engraçado. Se bem que, lá pelas tantas, a coisa toda ficou um tanto quanto incômoda. Não tenho saco para gente que posa na hora de foder. Esses gigolozinhos de hoje são narcisistas demais. Aprenderam a foder vendo filmes da Vivid Video. Parecem viver um ardente caso de amor com eles próprios. 

(desde que enviuvou, Wilma faz uso constante dos "serviços" desses gigolozinhos em início de carreira, mas é a primeira a afirmar que o "nível do serviço" baixou demais nos últimos anos, e afirma: não se faz mais gigolôs como antigamente)

Nesta última segunda-feira, depois do trabalho, eu estava na Realejo Livros, na Praça da Independência, tomando um cafezinho com Wilma, e ela me disse que tem sido uma experiência e tanto conhecer biblicamente a autora dos textos sacanas que saem publicados aqui em LEVA UM CASAQUINHO. 

Eu agradeci, meio encabulada. Disse a ele que para mim ainda é um problema fazer relatos tão bandalhos num blog e depois andar pela rua como se fosse uma "pessoa normal". 

Wilma gargalhou alto. Disse a ela, rindo: "Querida, entenda uma coisa, eu sou mineira... posso ser uma libertina, mas sou, antes de mais nada, uma provinciana".


E então, eis que entra na Livraria uma bicha alta, grisalha e bem pintosa, Waldyr, que conheço há muitos anos, e que, até onde eu sei, nunca leu um livro na vida. 

A bicha pede a biografia do Pepe, lendário jogador do Santos Futebol Clube, e o meu amigo Zé Luiz Tahan, dono da Realejo, muito pacientemente, explica à bicha que ainda não tem o livro para vender, pois ele ainda não existe -- ainda vai sair, está no prelo. 

A bicha olha para o Zé e começa a rir muito, provavelmente por não saber o que é "prelo" -- deve ter achado ser alguma safadeza, afinal não pensa em outra coisa....

Deixei Wilma folheando um livro com fotos históricas de Pelé, editado pela Realejo Livros mesmo, e puxei conversa com a bicha, que me contou estar vivendo um momento terrível. Sua mãe está com Alzheimer. Ele contratou uma ex-namorada dos tempos de adolescência para cuidar da mãe -- Waldyr se descobriu gay já adulto, servindo o Exército -- e essa ex-namorada, que hoje é uma solteirona bêbada extremamente mal humorada, resolveu infernizar a vida dele. O fim da picada, segundo Waldyr, foi ficar sabendo por um bofe amigo que toda vez que liga para a casa dele, a bêbada louca atende gritando: "O que é que você quer com o meu marido?". 

Depois de contar isso, Waldyr começou a chorar, dizendo não saber mais o que fazer com sua mãe e sua antiga ex-namorada, e que estava pensando seriamente em não voltar tão cedo para a companhia das duas. 

Pensei comigo mesma: "Vou arrastar a bicha lá pra casa, dar um pouco de vinho e de colo, ouvir mais lamúrias e depois devorar a bicha, pois faz tempo que eu não desencaminho um espécime desses". Pensei ainda mais longe: "Vou fazer com que a bicha tenha uma ereção com uma mulher como nunca tem desde a adolescência, quando fodia a hoje cuidadora de idosos bêbada.

Perguntei para Wilma: "Você encara a bicha aí?" 

Ela respondeu: "Eu passo, divirta-se". 

E lá fui eu, para casa, com Waldyr, em prantos, a reboque. Engatei um boquete na bicha dentro do elevador. Já dentro de casa, deixei a bicha completamente nua, e em seguida mandei que sentasse no sofá para poder dar continuidade ao boquete enquanto enfiava o Deep Purple aí da foto abaixo no fiofó dele. Waldyr ficou tão excitado que gritava "Ai meu Deus! Ai Meus Deus!" enquanto gozava abundamente na minha boca. Foi engraçado. Em seguida ofereci minha bunda toda arreganhada para ele. Pois não é que a bicha bombou às mil maravilhas, com Deep Purple enterrado em seu derrière? Bicha é fogo: nem quis saber da minha buceta, foi direto no meu cu, e ficou por lá a noite inteira.
Waldyr desemprenhou tão bem que acordou no dia seguinte em crise de identidade. Deixou as viadagens de lado e começou a se comportar como um cavalheiro. Disse a Waldyr para deixar de ser ridículo. 

Ele respondeu: "Você não está entendendo.... eu adorei ontem à noite... e eu quero mais..". Me convidou para jantar. 

Eu respondi a ele: "Só se você trouxer com você alguma amiga para me apresentar". 

Waldyr disse: "Huuuumm... me aguarde!"



Nos encontramos mais à noite no tradicionalíssimo Restaurante São Paulo, na Rua Carlos Afonseca esquina com Galeão Carvalhal. 

Eu cheguei antes e segurei uma mesa. Waldyr chegou 15 minutos depois, acompanhado de uma morena linda com porte de bailarina chamada Amanda -- um mulherão de tirar o fôlego, lindíssima, 45 anos, recém-divorciada, e recém-convertida à Velcrolândia.

Conversamos muito enquanto comíamos -- e como se come bem naquele lugar. Amanda e eu dividimos uma travessa enorme de Filet à Daniel, com dois bifes bem grandes de filet mignon com molho roty, acompanhado de arroz branco e batatas portuguesas fritas (110 reais). Waldyr preferiu um prato expresso de Meca Santista, com molho de camarões, risoto de pupunha, farofa de banana (45 reais). Bebemos 6 garrafas de 600 ml cada de cerveja Paulistânia e provamos todas as cinco variedades dela disponíveis no cardápio (13 reais cada).

Ao sairmos do Restaurante, propus aos dois irem até meu apartamento para um cafezinho, um licor e algo mais. Waldyr olhou para Amanda e disse: "Meu Deus, é hoje que vou ter que comer minha melhor amiga". Amanda sorriu, deu um abraço nele, e respondeu: "Engano seu, bicha, nós duas é que vamos comer você, prepare-se para o abate.". 

Na manhã do dia seguinte, Waldyr acordou tão atrapalhado depois de ser devorado por nós duas num Ménage à Trois movimentadíssimo que resolveu voltar para sua casa e cuidar de sua mãe gagá e de sua antiga ex-namorada bêbada. Por pior que fosse, lá ele ao menos se sentia seguro e não corria o risco de ter suas convicções sexuais abaladas.

Quanto a Amanda, ficamos de nos encontrar novamente neste sábado. Tenho uma amiga lá de Minas que vem me visitar, e que ela vai gostar de conhecer.

Meninas, acho o comichão acabou.

Velcrolândia, there we go again!



Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA




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