Sunday, September 20, 2015

COMO DE TUDO E COMO EM QUALQUER LUGAR, MAS NA MASSENARIA NÃO COMO NUNCA MAIS



Eu odeio cozinhar desde pequenina. 

Minha mãe me obrigou a aprender a preparar o básico do dia a dia lá na cozinha de nossa fazenda em Muzambinho, e eu tive que aprender. 

Não havia escapatória: todas as mulheres da família tinham a obrigação de saber cozinhar. Família mineira, sabe como é... 

Daí, eu aprendi. 

Mas, como nunca treinei, e o tempo passou, eu esqueci tudo.



Mas não pense que sou do tipo de pessoa que adora frequentar restaurantes. Não me sinto à vontade na maioria deles. Gosto apenas de dois ou três, que conseguem fazer com que eu me sinta em casa. 

Ma mesma medida em que não gosto de ser mal-atendida, também não curto ser paparicada, ainda mais por garçons sorridentes capazes de qualquer coisa por uma gorjeta. 

Daí, eu evito para não me aborrecer. Só frequento mesmo só se for por obrigação de trabalho ou família. 

E sempre que gosto muito da comida de um deles, já pergunto se tem serviço de delivery. Nada como comer comida de restaurante no aconchego do lar. 

Sendo assim, confesso que não entendi quando me propuseram fazer essa coluna semanal COMENDO PELAS BORDAS. Não sou gourmet, nem gourmand. Gosto de gomida saborosa, ponto. Comida de travessa, do tipo que serve bem uma família inteira. Até gosto de um prato bem montado. Mas tem que ser farto. O que a maioria desses chefs de cozinha faz por aí beira o ridículo. Um dia desses vi um deles na TV preparando cordeiro com molho à base de mango chutney. Devia estar delicioso. Mas o prato era tão ridiculamente pequeno que só posso presumir que quem almoçou aquilo deva ter parado no primeiro boteco de esquina e devorado uns dois ou três torreminhos fritos para "completar o tanque".

Enfim, propus ao editor de LEVA UM CASAQUINHO que não gostaria de ficar restrita aos restaurantes novos e arrumadinhos, e que adoraria poder enveredar por espeluncas e restaurantes duvidosos em cantos meio inóspitos de Santos e adjacências. 

Ele aceitou, sem ressalvas. 

Propus também que pudesse fazer do meu comentário uma espécie de crônica, onde, paralelo à análise do restaurante e dos pratos em questão, relataria minhas aventuras amorosas recentes, já que sempre que saio para comer levo comigo alguma "tipa" com quem esbarrei por aí, em alguma quebrada. 

Meu editor aceitou também. 

Só fez uma pequena ressalva: pediu que eu evitasse ser tão hardcore em descrições de atos sexuais, pois alguns leitores ficaram um pouco chocados quando relatei minhas experiências com "fisting" numa crônica mais "saidinha" alguns meses atrás. 

Aceitei o argumento. 

Aquilo realmente foi um exagero de minha parte. 

Vou tentar me ater mais à mesa e menos à alcova -- mesmo sabendo que uma coisa quase sempre leva à outra.



Pois bem: tenho trabalhado menos nesses últimos dois meses, pois estou ensaiando para me aposentar no ano que vem, quando completar 70 anos de idade. 

Pretendo continuar trabalhando como jornalista, mas sem deadlines muito rígidos, e se possível distante de cargos administrativos. 

Quero ser apenas cronista e, talvez, me dedicar a algum projeto pessoal, como um romance ou uma autobiografia romanceada. Histórias para contar não irão faltar, com certeza. 

No último final de semana, por exemplo, rolou uma história bem interessante. Recebi na última quinta feira um telefonema de uma mulata encantadora que conheci tempos atrás na Greve dos Caminhoneiros, e que não via há meses.


Seu nome é Janine. Um mulherão. Nunca rolou nada entre nós, apesar de eu ter insistido um bocado meses atrás. E quando parecia que algo ia rolar, ela saiu de mansinho e me apresentou para sua irmã Jacyrene, sapa assumidíssima, com quem acabei vivendo um tórrido final de semana. 

Mas, por melhor que tenha sido minha troca de fluídos com Jacyrene, não era ela quem eu queria. Eu queria Janine. Fiquei encantada com aquela rainha do ébano com aquele sorriso gigantesco. Que mulata espetacular. A seu favor, seu corpaço, seus quase 1.90 de altura, seu jeito brejeiro. Contra ela, apenas o fato de ser fã incondicional da Alcione.



Ficamos conversando e colocando a conversa em dia, até que, depois de meia hora, propus a ela nos encontrarmos no fim de semana -- e ela respondeu que topava, pois estava morrendo de saudades e tinha um assunto mal resolvido comigo. 

Convidei-a para jantar comigo no sábado à noite. Ela disse que sábado não seria possível, pois estava pensando em comprar ingresso para o show do Fábio Jr. 

Perguntei a ela se iria ao show sozinha ou acompanhada. "Acompanhada... por você, claro", ela disse. 

Me prontifiquei a providenciar ingressos para o show, e caprichei: consegui dois ingressos bem nas fileiras da frente. 

A idéia de devorar aquela mulata king-size, ou ser devorada por ela, ou -- melhor ainda -- as duas coisas juntas, começou a me enlouquecer, mas tratei de me controlar. 

Combinei de passar na casa de Janine por volta de 21 horas de sábado, e fui pontualíssima. 

Ela me recebeu na porta de casa sorrindo, usando uma roupa colada no corpo que alternava imitação de couro com imitação de pele de onça pintada. 

Fui ao delírio só de contemplar aquele corpo já não mais escultural, mas ainda extremamente vistoso, com tudo em cima aos quarenta e tantos anos, e presumi que ela iria roubar a cena com aquela roupa de passista de Escola de Samba. 

Ledo engano, tinha um monte de mulheres vestidas de forma semelhante naquela noite no Mendes Convention Center.



(pequena pausa para tentar descrever o Mendes Covention Center: um lugar assustador, repleto de estátuas de péssimo gosto que brotam das paredes de mármore, um verdadeiro pesadelo arquitetônico, extremamente mal projetado, mas, infelizmente, o único lugar em Santos amplo o suficiente para receber com conforto a legião de fãs de Fábio Jr)



Pois bem: o show só foi começar por volta de meia-noite, mas bastou Fábio Jr subir ao palco para a mulherada ir ao delírio. 

Aos gritos de "gostoso", "tesão", "fofinho" e "casa comigo", Fábio desfilou seus grandes sucessos em dois sets de cerca de 10 músicas cada. 

Janine amou o show, balançava os braços erguidos ora para a direita, ora para a esquerda, a cada música que ele cantava -- e, claro, chorava copiosamente toda vez que ele começava a cantar um número mais lento. 

Enfim... a mulata king-size se esbaldou e saiu de alma lavada, me abraçou e me beijou sei lá quantas vezes durante o show, gargalhando ao dizer: "Obrigaduuu por me trazer aqui". 


Quando saímos de lá, pouco antes das duas da manhã, Janine estava faminta. Antes mesmo que eu propusesse irmos até o Almeida -- um restaurante tradicional de Santos de que gosto muito, não exatamente pela comida, que não é nada demais, mas por conta de um garçon húngaro extremamente desbocado e divertido que sempre faz festa quando chego por lá --, ela apontou para o outro lado da Avenida onde fica o Mendes Convention Center e disse: "Que tal comermos uma pizza?"



Eu confesso que tremi quando vi o nome da Pizzaria para onde ela apontou: Massenaria. Um trocadilho absolutamente horrendo e imperdoável. Parecia uma daquelas casas tipo Grupo Sérgio que existiam em cada esquina duas décadas atrás e depois, felizmente, desapareceram. 

Pois essa aqui sobreviveu, sabe-se lá como. Comida ruim. Ambiente ruim. Atendimento ruim. Tudo ruim. Janine, no entanto, ainda estava sob o encanto do repertório de Fábio Jr e não estava nem aí para esses detalhes. Assim que olhou para o cardápio e viu por lá um troço chamado "Pizza de Lasanha", não teve dúvidas. Disse ao garçon: "Eu quero essa aqui."

Eu, assustada, pedi uma pizza de calabreza com cebola. Pedi também uma cerveja. "Só tem Devassa", disse o garçon. Pensei comigo mesma: "Isso pode ser um bom sinal."

Mas a cerveja não estava gelada. E quando as pizzas chegaram, tomei um susto: a minha parecia nem ter ido ao forno, pois a calabreza e a cebola nem suadas estavam. Presumi que tivessem sido adicionadas depois que o disco de massa saiu do forno. Ou que o forno já estivesse meio apagado.



Janine se esbaldou devorando sua Pizza de Lasanha, uma gororoba indescritível que combinava pedaços de queijo, presunto, carne moída e (acho que) uns pedaços de massa de macarrão. 

Pensei pedir a Janine um pedaço pequeno para experimentar -- curiosidade profissional, poderia não ser tão horrenda quanto aparentava ser --, mas achei melhor não. Poderia estragar a noite. E tínhamos uma noite e tanto ainda pela frente.



Quando paguei a conta, seguimos para o carro, que ainda estava no Estacionamento do Mendes Convention Center. 

Ao entrarmos, ela me perguntou: "E então... você vai me levar para onde?" 

Respondi que poderíamos escolher entre 3 opções diferentes. 

A primeira, minha cobertura de frente ao mar no Canal 1 -- que está uma bagunça, pois estou de mudança na próxima semana para um apartamento menor e mais adequado ao padrão de vida que pretendo levar a partir do momento em que me aposentar. 

A segunda, meu novo apartamento num condomínio no Ilha Porchat, que ainda ainda está sem mobília alguma -- mas está limpinho, podemos rolar à vontade pelo chão. 

E a terceira opção seria um hotel qualquer, onde nos instalaríamos confortavelmente e tomaríamos café juntas no domingo pela manhã.



Foi quando ela sorriu e propôs uma quarta opção: sua casinha na Cidade Náutica. E lá fomos nós para São Vicente. 

No caminho, ela me contou que pensou muito antes de me procurar pois estava com medo de experimentar sexo com uma mulher. 

Contou também que morreu de inveja de sua irmã Jacyrene quando, apavorada com minhas investidas, a convocou para me entreter, para assim poder fugir da raia sem fazer desfeita da última vez que nos vimos.

Quando Jacyrene contou a ela tudo o que rolou no nosso fim de semana juntas, ela caiu na real e se tocou que perdeu uma excelente oportunidade de se divertir um bocado e expulsar as teias de aranha do meio de suas pernas.  

Então, chegamos à casa de Janine. A sala de estar era bem simples e bem limpinha. A cozinha, pequena e pouco aparelhada. O lavabo, limpinho e minúsculo. E num dos dois quartos funcionava um escritório, onde ela gerenciava seu trabalho com o caminhão.

Seu quarto de dormir, no entanto, destoava de todo o resto. Era enorme. Parecia uma suite de motel. O quarto e o banheiro eram divididos no meio por um vidro blindex. Tinha uma jacuzzi grande, uma cama king-size com colchão d'água, espelho no teto, espelhos nas laterais, uma TV enorme, luzes de várias cores e até uma maquininha de fazer fumaça, que ele tinha acabado de comprar num site chinês, para, segundo ela própria, dar um clima de sonho à sua estréia na "Velcrolândia". 

Ou seja: eu havia sido convocada como uma meio termo entre mestre de cerimônias e guia turística para sua entrée nesse admirável mundo novo.



Fiz questão de introduzí-la gentilmente em todas as modalidades de sexo lésbico que não tivessem uma pegada mais punk hardcore, para não assustá-la. 

E então, na manhã de domingo, Janine era uma nova mulher.

 Almoçamos no Gaudio, perto da Biquinha, em São Vicente, um restaurante sempre cheio de turistas e casais gay. Futuramente, volto a falar dele. É um restaurante bom, generoso e pitoresco, do qual gosto muito e que merece uma crônica só para ele. 

Na tarde de domingo, de volta para o quarto de motel de Janine, embarcamos num rala e rola frenético enquanto rolava um DVD com o desfile das escolas de samba do Rio deste ano. Foi uma farra e tanto! 

E, então, no início da noite, assistimos ao filme "The Kids Are Alright" com a Annette Benning, Julianne Moore e Mark Ruffalo, que, por um acaso, estava no pen-drive em minha bolsa.



 Quando o filme terminou, Janine me sorriu para mim e perguntou: "Puxa, você confia mesmo no seu taco, não?". Respondi com um sorriso, e novamente mergulhei nas carnes da minha "dream mulata". Só parei para "palitar os dentes" na segunda de manhã. 

Verdade seja dita: Janine é, sem dúvida, uma mulher para mais de 20 talheres. Há muito tempo não pegava uma dessas pela frente.


  
Nos falamos algumas vezes de segunda para cá, mas não nos vimos mais desde então -- até porque minha mudança de apartamento acabou se revelando bem mais complicada do que imaginei que seria. 

Mas assim que estiver tudo funcionando, e a máquininha de fazer fumaça que acabo de comprar for entregue pelo correio, convido Janine para um "test-drive carnal" no meu novo cafofo com vista privilegiadíssima para o Oceano Atlântico.

E vamos em frente, comendo pelas bordas, que é o que nos resta.






JUREMA CARTWRIGHT 
escreve sobre lesbianismo 
e baixa gastronomia 
toda sexta-feira em 
LEVA UM CASAQUINHO

Diante da ruindade absoluta 
da MASSENARIA,
COMENDO PELAS BORDAS 
se nega veementemente 
a indicar seu endereço 
a seus leitores e leitoras








Saturday, July 11, 2015

AS MÃOS ABENÇOADAS DA DOUTORA SAMARA, A GINECOLOGISTA DOS SONHOS


O primeiro ginecologista a gente nunca esquece.

O meu era um senhor muito simpático, mas com mãos meio trêmulas, chamado Evaldo. Era amigo de toda a minha família. Tinha Consultório em Uberaba, cidade próxima a Muzambinho, onde fica a nossa fazenda. 

Em Muzambinho, acreditem ou não, não havia um único Ginecologista. 

Aliás, não havia nenhum Hospital também. 

Eu e todos os meus irmãos, irmãs e primos nascemos em casa, através de parteiras, já que não haviam obstetras.   

Eram outros tempos. 

E eu, que já sabia com clareza qual era a minha preferência sexual, sonhava com o dia em que poderia ter autonomia para escolher meu próprio médico -- e ter "uma" ginecologista, e não "um" ginecologista. 

Até então, minhas brincadeiras sexuais eram apenas com meninas da minha idade. 

Ficava toda encharcada só de me imaginar sendo observada por uma mulher adulta, completamente rendida diante dela com minhas pernas escancaradas e a meu bucetão completamente exposto naquelas magníficas cadeiras ginecológicas. 

Imaginava que não poderia haver forma mais plena de afirmação como mulher do que sendo iniciada nos Mistérios da Velcrolândia através de uma profissional que conhecesse de cor e salteado todas as inúmeras potencialidades do corpo feminino.
Só aos 19 anos, já morando no Rio de Janeiro, pude finalmente me consultar com uma Ginecologista de verdade. 

Achei que meu sonho iria virar realidade, mas... não. 

O que aconteceu foi absolutamente anticlimático, de uma frieza e impessoalidade assustadoras. 

Custei a assumir minha decepção, tanto que me consultei com oito Ginecologistas num período de um ano, e uma era mais distante e desinteressada que a outra. 

Não conseguia entender como elas conseguiam não se sensibilizar com uma bucetinha jovem, arisca, sempre úmida e inebriantemente perfumada como a minha. 

Foi quando desisti e voltei a me consultar com Ginecologistas homens. Dois deles me comeram, imobilizada naquela cadeira -- e foi legal, ainda que meio "off-topic" na minha longa lista de experiências sexuais. 

Teve um Ginecologista lá em Brasília que, sabendo das minhas preferências sexuais -- sou linguaruda, falava abertamente das minhas fantasias --, se propôs a agir como se fosse uma mulher, primeiro me atedendo travestido no Consultório, para a seguir me render com os dedos e com a língua em sua cadeira ginecológica.

O resto, claro, teve que ficar por conta da minha imaginação -- mas como a minha sempre foi muito fértil, servia como paliativo e valia o preço da consulta.
Pois bem: muitos anos se passaram. 

Hoje, aos 69 anos, morando em Santos, São Paulo, comento com meu chefe e amigo Manuel Mann -- um português que é absolutamente tarado -- que acabo de comprar uma dessas cadeiras ginecológicas num leilão para poder brincar de médico de forma mais contundente com minhas coleguinhas de velcro. Cheguei a ter uma dessas em casa quando morei em Berlin, e a mulherada que eu arrastava para lá adorava. "Infelizmente, nenhuma delas era Ginecologista, pois meu sonho de consumo é ser devorada por uma delas"

Manuel dá gargalhadas e diz que eu sempre o surpreendo. Me conta, reservadamente,que gosta tanto de brincar de médico que possui um Consultório Médico fake e um Consultório Dentário fake num dos quartos de seu apartamento, além de um armário repleto de trajes brancos de médico e de enfermeira, e pijamas com logos de Hospitais. "Lá em casa só não tem comida de Hospital, o resto tem", diz ele.

Então, ele olha sério para mim e diz: "Que estranho nenhuma das tuas amigas jamais ter indicado uma ginecologista lésbica para ti. Eu, que sou lésbico assumido, conheço algumas". Fico paralizada quando ele diz isso. "Conheces? me apresente então"

"Claro! O nome dela é Doutora Samara Fishbein. Minha amiga pessoal. Presta serviços para a Empresa. Mando sempre minhas meninas para ela cuidar. É uma morena linda de 50 anos de idade, bocuda, belos seios, lembra um pouco a Sophia Loren, as meninas gostam dela, dizem que tem atitude... enfim, ela joga no nosso time, acho que vais gostar..." 
Tremo na base. 

Invento que preciso fazer meu check-up ginecológico anual -- tudo mentira, fiz há menos de 3 meses -- e Manuel diz: "Fique tranquila, minha Secretária vai marcar uma hora com ela para esta semana ainda, pois ela sempre tem a agenda aberta para nós, faz parte do nosso acordo". 

Pouco depois, a secretária de Manuel me avisa que tenho consulta marcada com a Doutora Samara para o dia seguinte, às 6 da tarde. 

Mal consegui dormir à noite. 

Uma vida inteira de muita putaria passou pela minha cabeça naquela madrugada. 

Sabe aquele clip que fizeram para a gravação de "Hurt", do Nine Inch Nails, feita por Johnny Cash? 

É por aí... só que numa versão XXX.


Cheguei no Consultório da Doutora Samara Fishbein quase uma hora antes do horário marcado. 

Dei uma sacada na clientela. 

Tinha uma loira corpulenta com jeitão de garota de programa, uma morena magrinha e insinuante e uma senhora com um jeito mais acanhado. 

A morena e a senhora ficaram apenas quinze minutos. Já a loira grandalhona ficou mais de 40 minutos. Pensei comigo mesma: "Acho que vim ao lugar certo". 

A secretária, uma ruiva bem gostosa e bem vulgar, me ofereceu um monte de edições antigas de CARAS e de QUEM para ler. Agradeci, e puxei da bolsa "Antes de Você Dormir", romance da Linn Ullmann (filha de Liv Ullmann e Ingmar Bergman), que comecei a ler uma noite dessas. 

Claro que não consegui mergulhar na leitura direito, estava ansiosa demais para isso.

Então, meu nome foi chamado, e meu coração disparou. 

Entrei, e lá estava ela.

Doutora Samara Fishbein. 

Ela era tudo o que o Manuel havia descrito, e mais um pouco. Mulherão. Lembrava realmente Sophia Loren. 

Disse "Boa Noite" e me pediu sorrindo que eu sentasse numa poltrona e aguardasse um instante. Anotou algo numa pequena agenda e depois sentou-se à minha frente. 

Perguntou minha idade. 

"69 anos", disse. 

Ela respondeu: "Nossa... não parece". 

Agradeci a gentileza, sorrindo. 

Pediu que eu falasse um pouco sobre mim, e eu, tensa, saí falando tudo aquilo que vocês, que acompanham minhas desventuras por aqui, estão carecas de saber. Ela apenas sorria, sem demonstrar grande entusiasmo, mas sem indiferença. Ponto para mim, pensei.

Mas quando terminei de falar, ela parou de sorrir e começou um verdadeiro interrogatório. 

Perguntou se eu estava muito estressada no trabalho...

Se, além de sexo, eu fazia alguma outra atividade física com frequência...

Se o tempo médio dos meus relacionamentos amorosos ultrapassava um mês...

As perguntas foram ficando mais íntimas, e ela insistiu para que eu não omitisse nenhum detalhe.

Perguntou se já tinha transado com mais de um homem ao mesmo tempo, ou com mais de uma mulher ao mesmo tempo, ou participado de surubas, ou transado com animais. 

Respondi sim para todas as perguntas. 

Contei a ela que, muito tempo atrás, tive uma cadela em casa que costumava lamber minha buceta por cima da calcinha no finalzinho do meu período menstrual. 

O nome dela era Florence, em homenagem a Florence Nightingale. 

Vez ou outra, Florence invadia meu quarto enquanto eu me enroscava com alguma mulher, e começava a participar da nossa brincadeira com sua língua enorme. 

Era tão gostoso que comecei a deixar ela me lamber sem calcinha sempre que eu ficava sozinha e meio carente. 

Claro que se fosse um cachorro, eu não permitiria isso. 

Ao menos, acho que não.
Doutora Samara riu com meu comentário, e logo a seguir voltou ao interrogatório.

Perguntou se eu já havia experimentado sexo anal, dupla penetração, sadomasoquismo, fisting e brinquedinhos eróticos. 

Disse que sim, todas elas, apesar de não ser adepta nem simpatizante de sadomasoquismo e de nunca ter tido experiências muito agradáveis com fisting. 

E então, depois de quase meia hora de um questionário que parecia não ter fim, ela finalmente pediu que eu me despisse. 

Achei que ela, quando me visse nua, iria me agarrar como uma ninfomaníaca desenfreada. 

Mas não, nem olhou para mim. 

Apenas pediu que, quando estivesse despida, vestisse um avental e passasse para uma outra sala. 
Lá, ao lado da icônica cadeira ginecológica, com os suportes de pernas bastante altos, havia um aparelho de tevê, vídeo, uma micro-câmera e outros utensílios que não entendi direito para que serviriam. 

Doutora Samara pediu que eu me reclinasse, me deu um copo com uma substância adocicada -- que ela se disse ser um tipo de tranquilizante, sem contra-indicações -- e pediu que eu relaxasse. 

Disse que iria passar um vídeo com cenas eróticas, e que ela estaria monitorando as reações do meu corpo a cada sequência de imagens. 

Colocou uma música minimalista e muito envolvente -- acho que era Philip Glass, mas não perguntei, portanto não tenho certeza --, depois suavizou a intensidade da luz da sala, ligou o vídeo sem o som e me deixou sozinha. 
A primeira cena era de um casal de bichas marombadas com pirocas duras e enormes se beijando apaixonadamente no alto de um carro alegórico. 

Os dois começam um 69 frenético, um engolindo a piroca do outro com um vigor desenfreado. 

Gozam, desabam e, logo a seguir, começam a ser enrabados por duas vixens -- aquelas mulheres corpulentas, muito peitudas -- usando strap-ons -- vulgo, cinturões com pirocas de látex -- extremamente bem dotados. 

As duas arregaçam com os cus das duas bichas. 

Após deixá-los rendidos e desnorteados, elas relaxam. E repousam.
Nesse momento, o filme para, e Doutora Samara entra na sala, coloca luvas cirúrgicas em suas mãos e começa a tocar em minha buceta, que está totalmente encharcada. 

Sinto seus dedos me tocarem e escorregarem para dentro com muita facilidade. Eu gemo e, não aguentando mais, peço encarecidamente que ela enfie seus dedos na minha buceta. 

Ela me atende, eu gozo, e em seguida ponho minhas mãos sobre as dela e faço com que deixe seus dedos dentro de mim por alguns segundos. 

Como dizem em Houston: "We Have Ignition"


Recupero meu fôlego e ela então vem até mim, sorrindo e perguntando se poderia continuar com o "exame". 

Sorrio dizendo que sim. 

Nesse ponto, as duas vixens do filme já estão num 69 frenético, uma esfregando a buceta na cara da outra com relativa truculência. 

De repente, as duas desgrudam e uma começa a fazer fisting na buceta da outra. 

A outra retribui com um fisting com duas mãos, uma na buceta e outra no cu da parceira. 

Eu, ao ver aquelas cenas, não consigo evitar fazer movimentos quase que involuntários com meus quadris.

Dou a maior bandeira, como um cachorrinho que não consegue evitar abanar o rabo. 
Então, Doutora Samara mais uma vez interrompe o filme e entra na sala, me flagrando totalmente tomada pelo desejo. 

Ela agacha diante da minha buceta, começa a tocá-la suavemente e antes, mesmo que eu saia do transe em que me encontro, sinto seus dedos escorregando para dentro de minha buceta. 

Graças à camera nas mãos dela, pude ver pelo monitor algo inimaginável: minha buceta sendo penetrada pelos dedos de minha médica, sem dor de espécie alguma. Só mais um dedinho e ela teria toda a sua mão dentro de mim. 

De repente, num movimento cadenciado e contínuo, como uma espécie de massagem, a mão dela entrou por inteiro. Senti seus dedos se movimentando lá dentro, enquanto tinha espasmos de orgasmos contínuos. Tirava toda a mão e a introduzia novamente, arrancando de mim mais e mais gemidos. 

Como consegui viver 69 anos sem experimentar algo assim é um mistério para mim.
Doutora Samara parou com a brincadeira por alguns instantes, e trouxe um pequeno aparelho para introduzir uma pouco de água morna no meu cu. 

Senti o líqüido entrando, até me dar a sensação de que eu deveria ir correndo para o sanitário. Ela disse para eu segurar uns dois minutos para depois evacuar toda a água. Era uma engenhoca de limpeza intestinal, muito utilizada por quem gosta de dar o cu sem fazer lambança e sem odores desagradáveis.

Retornei do banheiro completamente nua. 

Ela sorriu, viu que eu era intrépida, e pediu que eu sentasse como estava antes. 

Retirou os suportes das pernas da cadeira ginecológica e pediu que eu segurasse minhas pernas na altura dos joelhos, expondo meu cu por completo. 
Com um pote de lubrificante, começou uma massagem nas nádegas e nos arredores do cu. 

Vestiu luvas de látex, lubrificou as mãos e, delicadamente, começou os trabalhos. 

Com o dedo indicador, Doutora Samara massageava meu esfíncter, passeando delicadamente por cada prega ainda restante em meu calejado derrière. Introduziu bem devagar o dedo, deixando que meu cu se acostumasse por um minuto, e depois foi forçando até todas as falanges entrarem. Quanto mais ela massageava, mais eu me contorcia na cadeira, suspirando de tesão e dor, tudo ao mesmo tempo. Essa brincadeira deve ter durado mais de quinze minutos, primeiro com dois dedos, e depois com três. O quarto dedo e o quinto entraram quase que simultaneamente. 

Doutora Samara interrompeu o processo para lubrificar suas luvas mais uma vez, e voltou apontando seus cinco dedos para meu cu, que agora entraram com facilidade. 

Pediu que eu respirasse fundo, e, como num passe de mágica, lá estava toda a sua mão dentro do meu cu. 

O prazer que eu sentia era totalmente diferente de qualquer coisa que tenha experimentado antes: mais prolongado e menos explosivo que eu jamais poderia imaginar. 
Doutora Samara então pediu que eu permanecesse relaxada e seguisse respirando fundo. 

Sem tirar sua mão de dentro do meu cu, penetrou com a outra mão na minha buceta, suavemente, até entrar por inteiro. 

Nesse momento tive o mais intenso orgasmo de toda a minha vida. 

Depois de alguns minutos, ela retirou bem devagar, com um cuidado todo especial, primeiro a mão que estava no meu cu, e depois a que preenchia minha buceta. 

Mandou que eu ficasse na mesma posição em que estava para poder ver tudo em detalhes pelo monitor, e, com uma mão em cada face da minha bunda, começou a enfiar sua língua quente e úmida por todos os meus orifícios, até que eu gozasse mais uma vez. 

Por último, veio até a minha boca e me beijou. 
A consulta não parou por aí.

Depois de tudo isso, Doutora Samara finalmente ficou nua diante de mim, e me convidou para tomarmos um banho juntas alí mesmo no Consultório, em meio a muitos beijos e abraços, muito dedo e muita sacanagem. 

Enquanto nos enxugávamos, sua secretária ruiva -- o nome dela era Sheila -- entrou e nos surpreendeu nuas. 

Sorriu e perguntou: "Doutora Samara, posso dar o expediente por encerrado?" 

"Só se você não quiser jantar conosco" 

"Opa... vai rolar hora extra!", disse a ruiva, sorrindo maliciosamente.
Fomos as três jantar uma pizza na Pizzaria Van Gogh. 

É, possivelmente, a melhor pizzaria da cidade. 

Mas é, com certeza, a mais cafona também. 

Espelhos e vidros jateados por todos os lados, luz de padaria por todos os lados, interiores confusos e mal projetados... é um pesadelo visual. 

Mas o atendimento é excelente. 

Pedimos uma pizza com mozzarela de búfala ao natural coberta com pesto de castanhas e azeitonas pretas e manjericão. 

Como continuávamos com fome, pedimos uma segunda pizza, de calabreza artesanal com cebolas roxas e azeitonas chilenas. 

Para acompanhar, duas garrafas de Periquita. 

Quer vinho mais adequado a uma ceia lésbica?

A Van Gogh fica na Floriano Peixoto 314, no bairro do José Menino, em Santos, e -- para quem não aguenta tanta luz, tantos espelhos e tanto vidro jateado -- tem um eficaz serviço de delivery pelo telefone 3205-3636.
Depois disso, fomos as três lá para casa. 

Dessa vez, nada de fisting, apenas uma surubinha soft entre nós. 

Samara ofereceu Sheila para mim e ficou meio de lado, só de observadora, nua, com uma taça de vinho nas mãos. 

Em pouco mais de meia hora, pus a ruiva a nocaute. Não foi tarefa das mais difíceis, pois ela tinha trabalhado o dia inteiro.

Enquanto a ruiva dormia profundamente num dos sofás da sala, Samara e eu ficamos na varanda deitadas na espriguiçadeira, nuas e abraçadas, cobertas por um edredom, até o amanhecer. 

De repente, era como se eu fosse uma menina de 19 anos novamente. Estava estranhamente feliz. Um ciclo obsessivo se fechava na minha vida. Não é uma sensação exatamente confortável. É como se a vida estivesse chegando perto do fim.  
Acordamos as três mais ou menos juntas no dia seguinte pela manhã. Era sábado. Servi café para as duas, e esquentei na frigideira as sobras da pizza de ontem, para logo em seguida recomeçamos nossa surubinha de novo -- agora as três juntas. 

Por volta do meio dia, quando finalmente conseguimos pôr os pés para fora de casa para almoçar, recebo do porteiro do prédio um ramalhete de flores. 

No cartão, a mensagem: "Espero que Samara tenha preenchido todas as tuas espectativas. Bom fim de semana, Manuel"

Pois é, Maneco, te devo mais essa.




Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIRA





Friday, May 22, 2015

TROCA DE ÓLEO EM LESBOS, DEPOIS GOLF EM IDAHO

Seis meses atrás, quando voltei ao Brasil a convite de meu amigo portuga Manuel Mann, com quem trabalhei vários anos na National Geographic como jornalista e fotógrafa, minha intenção era sossegar o rabo, reduzir o ritmo de trabalho e preparar a minha aposentadoria.

A idéia de fixar base em Santos foi providencial. Como diria minha avó, que passou sua vida em nossa fazenda em Muzambinho, as melhores cidades são aquelas que "não cheiram, nem fedem". Santos é uma dessas cidades. Tem lá seus encantos. É cosmopolita e decadente o suficiente para receberr uma cidadã como eu. E possui um rebanho de potrancas desalinhadas sexualmente que são facilmente identificáveis na praia ou pelos bares da cidade. 

Eu confesso que não suportaria voltar a morar em São Paulo, uma das piores cidades do mundo para se viver: arquitetonicamente feia, urbanisticamente desengonçada, e misteriosamente cara. Quem faz a apologia dessa metrópole caipira, certamente não circulou muito pelo mundo afora. Metrópoles são para os jovens, que querem abraçar o mundo inteiro com as mãos. 
Eu não sou mais jovem. Tenho 69 anos. Já circulei pelo mundo inteiro, e se tiver que escolher os lugares do mundo que gostaria de abraçar, confesso que -- tirando Londres, Paris e Berlin -- não escolheria nenhuma metrópole. Prefiro cidades de tamanho médio, mas que sejam charmosas, e não tenham uma alma provinciana muito arraigada. Santos bate com esse perfil.

Mesmo situada à beira mar, Santos é quente o ano inteiro, pois foi erguida sobre o mangue. Daí, mesmo quando chega o frio, a cidade não esfria tanto assim. Às vezes, sopra um vento frio do mar e a coisa muda de figura, mas, a não ser nessa situação, não faz frio na cidade. A temperatura mínima no apogeu do Ivernon é de 12, 10 graus. Já morei em lugares realmente frios, e odiei cada minuto disso. Quando o frio intenso vem acompanhado de umidade, aí a coisa fica grave. 

Eu gosto de viver aqui. De verdade. Mas ando meio entediada ultimamente. Com vontade de sair por aí, viajar um pouco. Mas não sou mais free-lancer. Perdi a mobilidade que tinha antes. Mas como disse a mim mesma que iria sossegar, agora tenho que cumprir.
Mas então, chego ao trabalho e Manuel me chama para conversar. Diz que está me achando meiio cabisbaixa de uns dias para cá. Pergunta se está tudo bem comigo. Eu digo que sim, que não é nada demais, que estou um pouco entendiada, mas já já passa. Ele sorri e me diz: "Não estás com saudades da vida que levavas anteriormente?" Respondi que sim, um pouco, mas era questão de me acostumar a esse novo momento na minha vida, e que com o tempo... Antes mesmo que eu continuasse a me explicar, ele me perguntou: "Entendes de golf?" Disse a ele que sim -- mentira! --, que já tinha feito algumas coberturas de Campeonatos tempos atrás -- mentira, tudo o que sei sobre golf aprendi acompanhando pela imprensa o escândalo sexual Tiger Woods -- , e que gostava muito de golf -- mentira novamente, estou mais para Hunter S. Thompson, que se chapava de todas as drogas possíveis e imagináveis para escapar do tédio de uma partida de golf e conseguir escrever alguma matéria eletrizante a respeito.

Não gosto de mentir para Manuel, ele é um cara legal, mas o caso é que tive a nítida sensação de que ele iria me propor algo interessante, que me viria bem a calhar neste momento aborrecido que estou vivendo. 
Foi quando ele disse: "Jurema querida, fui convidado para ir até Idaho, fronteira com o Canadá, para conhecer um Campo de Golf diferente de todos os outros, extremamente high-tec, e não vou poder ir, pois estou atolado em trabalho esta semana e na próxima, daí tenho que enviar alguém em meu lugar. Topas?"

Aceitei sem pestanejar, mesmo sabendo que Primavera em Idaho deve ser gelada. tar fazendo mais frio ainda do que aqui. Não havia tempo a perder, a passagem era para o dia seguinte. Manuel me dispensou do trabalho para que eu fizesse as malas e me preparasse para a viagem.  Mal sabe ele que eu, macaca velha, tenho sempre duas malas prontas no meu guarda-roupas: uma com trages de inverno e outra com trages de verão. Como estamos na Meia Estação, bastaria misturar um pouco do conteúdo de uma mala com um pouco do conteúdo da outra. Meia hora de trabalho, se muito.

Saí do trabalho me sentindo ótima. Era desse movimento que eu estava precisando. Minha vida estava doméstica demais. Mesmo minhas aventuras sexuais estavam começando a ficar emotivas e pouco sacanas. Nesse ritmo, eu fatalmente iria acabar me apaixonando por "alguma tipa" qualquer hora dessas. Fui salva pelo gongo.
Ao invés de ir para casa, fui ao cinema ver um filme delicioso com Catherine Deneuve e depois fui ao Heinz, (Lincoln Feliciano 104, reservas: (13)3286-1875) um bar tradicional localizado nos arredores do Canal 3, pertinho da praia, onde há 55 anos servem o melhor chopp de Santos. Quando cheguei lá, o bar ainda meio vazio. Era final da tarde. Escolhi uma mesa, pedi um Chopp Heineken (7 reais) e o delicioso Peixe a Escabeche da casa (40 reais). Na falta de companhia, comecei a ler o novo romance de Ian McEwan, "The Children Act". Mas parei quando começam a chegar várias mulheres um tanto quanto ruidosas, e sentaram na mesa bem ao lado da minha. Eu, que sempre muito curiosa, fiz de conta que estava absorvida pelo livro enquanto prestava atenção à conversa delas.
As três estavam na faixa dos 35 anos. Uma morena, uma mulata e uma loira legítima. Todas muito bonitas, mas duas delas visivelmente gostosas. A terceira -- a mulata -- era magra demais. Elas comemoravam alguma coisa, mas, como falavam todas ao mesmo tempo, era meio difícil entender. Aparentemente, uma delas teria sido promovida no trabalho. Começaram a beber, e a falar cada vez mais alto. Eu aproveitava para dar umas filmadas eventuais nas três, que, depois do quarto ou quinto chopp, já estavam bem desinibidas. 

Numa determinada hora, uma delas -- a morena -- levantou-se para ir ao banheiro, e a mulata deu um leve tapinha na bunda dela, A morena sorriu, então viu que eu estava olhando de esguelha e ficou toda encabulada. Foi quando eu sorri para ela. E ela sorriu para mim. Eu me levantei e fui até o banheiro atrás dela. Como ela estava trancada, tive que aguardá-la do lado de fora. Quando ela saiu, me sorriu novamente. Retribuí. Permaneci dentro do banheiro 3 minutos exatos, contados no relógio, e, ao voltar para a mesa, as três me olharam e me convidaram para sentar com elas. Aceitei.

Eram três funcionárias públicas da Prefeitura, de três setores diferentes. A morena, que tinha sido promovida, era arquiteta. A mulata, do RH. E a loirinha, advogada. Falei um pouco de mim para elas. Ficaram fascinadas com o meu pedigrée. Quando disse a elas minha idade, não acreditaram, disseram que eu parecia ter 50 e poucos, no máximo. A loira, já meio bêbada, chegou a dizer que eu estava "com tudo em cima, vestida para matar". Fiquei lisonjeada. Senti que era questão de mais alguns poucos chopps até poder propor a elas uma esticadinha até minha casa. Meu faro de caçadora é bom. O meu timing, melhor ainda. Não deu outra: uma hora mais tarde, já estávamos todas lá em casa.

No início, achei que as três estavam me medindo. Não pareciam ser sapas com muita atitude. Nenhuma delas tinha perfil de "abelha rainha", todas eram meio "operárias", e sem liderança. Talvez nem fossem exatamente sapas. Tentei arregimentar todas elas numa mesma brincadeira, mas elas escorregaram. A única que se chegou foi a loira. A morena e a mulata ficaram distantes de nós duas, e pareciam ter um arranjo afetivo próprio. Eu deixei tudo rolar solto e tirei a roupa da loira. Me irritou um pouco a falta de asseio dela, por conta do cheiro intenso de xixi maturado na sua buceta. As outras duas tomaram o cuidado de se lavar antes de começarmos uma brincadeira entre elas. A loira não. Mas tudo bem, bati para ela uma siririca bem intensa para a "tipa", visando resultados imediatos. A seguir, arrastei a loira mijada para a minha Jacuzzi, pois estava morrendo de vontade de enfiar a cara naquela buceta. Obviamente, lavei bem as partes da moça antes de fazer a imersão. Ela se derreteu toda. Impressionante como era desleixada a moça. Buceta peluda demais, parecia um terreno baldio. Isso para não falar da virilha abandonada e das axilas mal aparadas. Não deixei por menos: fiz barba, cabelo e bigode nela. Deixei-a jeitosinha. Ela sentiu que rolava carinho da minha parte. Retribuiu com sua língua quente passeando por todo o meu corpo e entrando firme no me cu. Despertei uma demônia agradecida que vivia dentro dela. 
Quando saímos da Jacuzzi, nuas e enxutas, e chegamos na sala, vimos as outras duas, nuas na varanda, provavelmente tremendo de frio. Fomos até lá chamá-las para vir para dentro, e elas vieram meio relutantes, e não se juntaram a nós. Perguntei à loira o que estava acontecendo, e ela disse: "Não liga, não, parece que elas estão apaixonadas, andam estranhas comigo, me escantearam nas últimas vezes, soube que andam saíndo somente em dupla". Foi quando eu disse para a loira: "Vem comigo, vamos arrepiar". Cheguei já chupando os peitinhos da mulata e massageando a buceta da morena. A loira veio no meu vácuo, e começou a lamber o cu de uma delas enquanto enfiava o dedo no cu da outra. Tinha tudo para embalar e virar uma suruba. Mas não. As duas continuaram relutantes, meio esquivas. Foi quando me ocorreu propor a elas um drink. E peguei uma infalível garrafa de Mescal com um escaravelho dentro, que trouxe de uma viagem ao Mexico ano passado. As quatro beberam o primeiro cálice. Depois, renovamos o brinde a pretexto de não deixá-las pegar um resfriado depois de tanto tempo nuas na varanda. 

Quando já estavam todas doidonas de Mescal, convoquei a loira a retomar o ataque às outras duas. E finalmente deu certo. Atacamos as duas sem piedade, e as deixamos explodindo de tesão. A mulata era magra, mas tinha um bucetão magestoso, Enfiei um vibrador básico no cu dela enquanto chupava sua buceta até sentí-la gozar na minha boca. Gozo intenso, abundante, descontrolado. Passei-a para a loira dar o arremate final e ataquei impiedosamente a buceta e o cu da morena, que gritava feito uma desarvorada de tanto prazer. Enfiei na buceta dela um pintão de latex propositadamente torto, com massageador de clitoris incluído. Ela, já sem voz, olhava para mim como se estivesse tendo uma síncope. Depois de gozar algumas vezes, desabou no sofá da sala, com as pernas abertas e a bunda para cima. Entreguei-a nas mãos da loira, puxei a mulata para perto e finalmente conseguimos começar uma suruba a quatro.  E a sacanagem rolou solta até por volta da meia noite, sem parar, com aquelas funcionárias públicas meio apáticas a princípio se chupando sem parar e se esvaindo num gozo ruidoso e lindo de se ver.

Fui até a cozinha e servi uns salgadinhos para elas para repor as energias e engatar um segundo round, mas a mulata e a morena, sorrindo, disseram que precisavam ir embora, pois tinham que acordar cedo no dia seguinte, e inteiras. Mas saíram de casa felizes e satisfeitas. Deixaram seus telefones e disseram que querem repartir a dose numa outra ocasião. Sobrou lá em casa só a ex-loira mijada, agora uma loiraça exuberante. Das três, era a mais gostosa. Seu nome era Edilaine.
Saímos as duas pela madrugada, bêbadas de Mescal, atrás de cigarros -- os dela haviam acabado. Difícil achar o Dunhill vermelhinho que ela fuma no CPE, em frente à Igreja do Embaré. Tentamos o Restaurante Olímpia, mas já estava fechado. Propus a Edilaine irmos até alguma lanchonete no Centro, mas ela disse que tinha medo. Daí, o jeito foi seguir para São Vicente, pois o Quiosque da Cris com certeza estaria aberto. Estava. E estava quase vazio. Um casal (marido e mulher, que fique bem claro) estava tentando ser atendido, mas a garçonete bichinha insistia em dizer que a cozinha não estava mais funcionando. Dissemos para a bichinha que era muito cedo para fechar, que aquele lugar tem uma tradição notívaga que não estava sendo honrada, etc e tal, mas não adiantou. Se Cris estivesse por lá, o casal seria atendido. Como não estava...
Ficamos conversando com o casal inconformado. O nome dele era Clodoaldo, mas disse que seus amigos o chamavam Clodão. O nome dela era Morgana. Eram de Nhandeara, uma cidadezinha no interior de São Paulo, não muito longe de São José do Rio Preto. Tinham um sotaque caipira assustador. Eu, que sou de Minas e conheço muitos sotaques medonhos, afirmo categoricamente: o deles era um exagero. Mas eram um casal muito bonito. Ele, moreno, forte, tatuado. Ela loira, peituda, bunduda, coxuda, entre outros predicados. Estavam em São Vicente hospedados num apartamento que alugaram pela web e que estava imundo e completamente detonado. Estavam achando a cidade um horror. Propus aos dois que, para deixar uma boa imagem da nossa região, viessem até minha casa, pois teria o maior prazer em cozinhar alguma coisa para eles em plena madrugada.
Eles toparam. E vieram conosco. Preparei um fetuccini com molho branco, manjerona e bacon. Receita rápida, fácil de fazer -- até para mim, que sou uma péssima cozinheira. Pois eles adoraram. De sobremesa, servi taça de sorvete com Bis e licores. Foi quando Clodão bateu o olho na garrafa de Mescal com o escaravelho dentro e ficou espantado. Expliquei que trouxe a garrafa do México e que, poucas horas atrás, tinha servido Mescal para Edilaine e duas outras mulheres numa tentativa de dar algum gás a uma suruba meio desanimada entre nós duas e outras duas mulheres. O casal sorriu nesse momento. Disseram que Nhandeara, onde moram, é muito provinciana, mas conheciam uns casais em Monte Aprazível, Mirassol e Votuporanga que gostavam desses embalos em grupo, e que se encontravam nos finais de semana, sempre hospedados nos sítios ou fazendas de alguns desse grupo de amigos. Perguntei se eles gostavam dessa brincadeira. Ele olhou para ela e disse: "Gostávamos, mas cansamos, começou a rolar muita cocaína, e onde tem cocaína tem psicopatas". Disse, olhando para Edilaine: "Nós gostamos de surubas, e não gostamos de cocaína". Edilaine sorriu e me beijou. Arrancou minhas roupas e começou a chupar meus peitos alí na mesa mesmo, diante do casal, que parecia estar gostando bastante do que estava vendo. De repente, Morgana levantou da cadeira, arrancou as roupas de Edilaine e começou a chupá-la por trás, da nuca até o cu. Seguimos as três para minha cama king-size, onde, completamente nuas, engatamos uma segunda suruba naquela mesma noite. Morgana era gostosona, toda preparada, com silicone pelo corpo todo e parecia uma dançarina do Tchan, mas tinha lá os seus encantos. E Clodão assistia a tudo, com seu pau enorme nas mãos, batendo uma punheta suave enquanto nós três nos entrelaçávamos sobre o lençol. Num determinado momento, ele pediu para entrar na brincadeira. Morgana disse: "Não, quietinho aí". Ele obedeceu. E ficou nos observando enquanto nos divertíamos com a série de vibradores Os Vingadores que eu acabei de receber pelo Correio. Quase brigamos para ver quem iria vestir o Dildo Hulk, e em qual buceta ele iria sambar. No final, todas usamos, e todas encaramos. Mulherada intrépida...  
. Só depois de meia hora de muita putaria com os amiguinhos acima, mais as tesourinhas e um 69 triplo mortal, Morgana chamou Clodão para deitar na cama, puxou nós duas pelo braço e ofereceu o pinto de Clodão para nós chuparmos. Aceitamos de imediato. Edilaine batia com o pinto dele contra sua cara enquanto eu chupava seu saco e enfiava o dedo no cu dele, e Morgana esfregava sua buceta sentada no braço esquerdo musculoso dele. Quando ela finalmente enterrou o vibrador do Capitão América no cu do maridão, ele finalmente gozou -- e olha que ele segurou o quanto pode, quase 15 minutos --, nós duas ficamos encharcadas de tanta porra que voou nos nossos rostos. Espalhamos aquele líquido pela nossa pele e chamamos Morgana para lamber em nossos corpos o sêmen de seu maridão. Foi uma pândega. Culminou com Morgana arrastando Clodão para uma chuveirada reanimadora, enquanto Edilaine e eu assistíamos ao espetáculo quietinhas, da Jacuzzi, com nossas mãos entrelaçadas, alegrando nossas bucetinhas. Ver Morgana dando o cu para Clodão debaixo do chuveiro foi um tour de force para aquela noite memorável. Verdade seja dita: Clodão faz juz ao apelido no aumentativo. O caipirão pintudo não é fraco não.
Já eram 6 da manhã. Estávamos destruídos. Servi café com ciabatta com queijo e mamão papaya para as meninas e uma Caracu com ovo para Clodão (pedido dele). Nós, meninas, comemos em silêncio. Não sabíamos o que dizer uma para o outra. Ríamos vez ou outra. 

Deixei todos em suas casas depois do café, voltei, arrumei minha mala e segui para o Aeroporto de Guarulhos rumo ao tal Campo de Golf high-tech de Idaho, que está com todo o jeito de ser uma bela roubada. Tomara que esteja enganada. Cansada como estou, devo dormir antes mesmo do avião decolar de Cumbica e acordar na hora em que pousar em Los Angeles. 

Me ocorreu agora que se eu contar para Manuel, maluco por surubas como ele é, que promovi duas numa mesma noite aqui em casa -- e sem putas envolvidas --, ele se muda para cá e nunca mais vai querer ir embora daqui. Melhor ficar quieta. Sabedoria mineira.

Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA.