Friday, May 22, 2015

TROCA DE ÓLEO EM LESBOS, DEPOIS GOLF EM IDAHO

Seis meses atrás, quando voltei ao Brasil a convite de meu amigo portuga Manuel Mann, com quem trabalhei vários anos na National Geographic como jornalista e fotógrafa, minha intenção era sossegar o rabo, reduzir o ritmo de trabalho e preparar a minha aposentadoria.

A idéia de fixar base em Santos foi providencial. Como diria minha avó, que passou sua vida em nossa fazenda em Muzambinho, as melhores cidades são aquelas que "não cheiram, nem fedem". Santos é uma dessas cidades. Tem lá seus encantos. É cosmopolita e decadente o suficiente para receberr uma cidadã como eu. E possui um rebanho de potrancas desalinhadas sexualmente que são facilmente identificáveis na praia ou pelos bares da cidade. 

Eu confesso que não suportaria voltar a morar em São Paulo, uma das piores cidades do mundo para se viver: arquitetonicamente feia, urbanisticamente desengonçada, e misteriosamente cara. Quem faz a apologia dessa metrópole caipira, certamente não circulou muito pelo mundo afora. Metrópoles são para os jovens, que querem abraçar o mundo inteiro com as mãos. 
Eu não sou mais jovem. Tenho 69 anos. Já circulei pelo mundo inteiro, e se tiver que escolher os lugares do mundo que gostaria de abraçar, confesso que -- tirando Londres, Paris e Berlin -- não escolheria nenhuma metrópole. Prefiro cidades de tamanho médio, mas que sejam charmosas, e não tenham uma alma provinciana muito arraigada. Santos bate com esse perfil.

Mesmo situada à beira mar, Santos é quente o ano inteiro, pois foi erguida sobre o mangue. Daí, mesmo quando chega o frio, a cidade não esfria tanto assim. Às vezes, sopra um vento frio do mar e a coisa muda de figura, mas, a não ser nessa situação, não faz frio na cidade. A temperatura mínima no apogeu do Ivernon é de 12, 10 graus. Já morei em lugares realmente frios, e odiei cada minuto disso. Quando o frio intenso vem acompanhado de umidade, aí a coisa fica grave. 

Eu gosto de viver aqui. De verdade. Mas ando meio entediada ultimamente. Com vontade de sair por aí, viajar um pouco. Mas não sou mais free-lancer. Perdi a mobilidade que tinha antes. Mas como disse a mim mesma que iria sossegar, agora tenho que cumprir.
Mas então, chego ao trabalho e Manuel me chama para conversar. Diz que está me achando meiio cabisbaixa de uns dias para cá. Pergunta se está tudo bem comigo. Eu digo que sim, que não é nada demais, que estou um pouco entendiada, mas já já passa. Ele sorri e me diz: "Não estás com saudades da vida que levavas anteriormente?" Respondi que sim, um pouco, mas era questão de me acostumar a esse novo momento na minha vida, e que com o tempo... Antes mesmo que eu continuasse a me explicar, ele me perguntou: "Entendes de golf?" Disse a ele que sim -- mentira! --, que já tinha feito algumas coberturas de Campeonatos tempos atrás -- mentira, tudo o que sei sobre golf aprendi acompanhando pela imprensa o escândalo sexual Tiger Woods -- , e que gostava muito de golf -- mentira novamente, estou mais para Hunter S. Thompson, que se chapava de todas as drogas possíveis e imagináveis para escapar do tédio de uma partida de golf e conseguir escrever alguma matéria eletrizante a respeito.

Não gosto de mentir para Manuel, ele é um cara legal, mas o caso é que tive a nítida sensação de que ele iria me propor algo interessante, que me viria bem a calhar neste momento aborrecido que estou vivendo. 
Foi quando ele disse: "Jurema querida, fui convidado para ir até Idaho, fronteira com o Canadá, para conhecer um Campo de Golf diferente de todos os outros, extremamente high-tec, e não vou poder ir, pois estou atolado em trabalho esta semana e na próxima, daí tenho que enviar alguém em meu lugar. Topas?"

Aceitei sem pestanejar, mesmo sabendo que Primavera em Idaho deve ser gelada. tar fazendo mais frio ainda do que aqui. Não havia tempo a perder, a passagem era para o dia seguinte. Manuel me dispensou do trabalho para que eu fizesse as malas e me preparasse para a viagem.  Mal sabe ele que eu, macaca velha, tenho sempre duas malas prontas no meu guarda-roupas: uma com trages de inverno e outra com trages de verão. Como estamos na Meia Estação, bastaria misturar um pouco do conteúdo de uma mala com um pouco do conteúdo da outra. Meia hora de trabalho, se muito.

Saí do trabalho me sentindo ótima. Era desse movimento que eu estava precisando. Minha vida estava doméstica demais. Mesmo minhas aventuras sexuais estavam começando a ficar emotivas e pouco sacanas. Nesse ritmo, eu fatalmente iria acabar me apaixonando por "alguma tipa" qualquer hora dessas. Fui salva pelo gongo.
Ao invés de ir para casa, fui ao cinema ver um filme delicioso com Catherine Deneuve e depois fui ao Heinz, (Lincoln Feliciano 104, reservas: (13)3286-1875) um bar tradicional localizado nos arredores do Canal 3, pertinho da praia, onde há 55 anos servem o melhor chopp de Santos. Quando cheguei lá, o bar ainda meio vazio. Era final da tarde. Escolhi uma mesa, pedi um Chopp Heineken (7 reais) e o delicioso Peixe a Escabeche da casa (40 reais). Na falta de companhia, comecei a ler o novo romance de Ian McEwan, "The Children Act". Mas parei quando começam a chegar várias mulheres um tanto quanto ruidosas, e sentaram na mesa bem ao lado da minha. Eu, que sempre muito curiosa, fiz de conta que estava absorvida pelo livro enquanto prestava atenção à conversa delas.
As três estavam na faixa dos 35 anos. Uma morena, uma mulata e uma loira legítima. Todas muito bonitas, mas duas delas visivelmente gostosas. A terceira -- a mulata -- era magra demais. Elas comemoravam alguma coisa, mas, como falavam todas ao mesmo tempo, era meio difícil entender. Aparentemente, uma delas teria sido promovida no trabalho. Começaram a beber, e a falar cada vez mais alto. Eu aproveitava para dar umas filmadas eventuais nas três, que, depois do quarto ou quinto chopp, já estavam bem desinibidas. 

Numa determinada hora, uma delas -- a morena -- levantou-se para ir ao banheiro, e a mulata deu um leve tapinha na bunda dela, A morena sorriu, então viu que eu estava olhando de esguelha e ficou toda encabulada. Foi quando eu sorri para ela. E ela sorriu para mim. Eu me levantei e fui até o banheiro atrás dela. Como ela estava trancada, tive que aguardá-la do lado de fora. Quando ela saiu, me sorriu novamente. Retribuí. Permaneci dentro do banheiro 3 minutos exatos, contados no relógio, e, ao voltar para a mesa, as três me olharam e me convidaram para sentar com elas. Aceitei.

Eram três funcionárias públicas da Prefeitura, de três setores diferentes. A morena, que tinha sido promovida, era arquiteta. A mulata, do RH. E a loirinha, advogada. Falei um pouco de mim para elas. Ficaram fascinadas com o meu pedigrée. Quando disse a elas minha idade, não acreditaram, disseram que eu parecia ter 50 e poucos, no máximo. A loira, já meio bêbada, chegou a dizer que eu estava "com tudo em cima, vestida para matar". Fiquei lisonjeada. Senti que era questão de mais alguns poucos chopps até poder propor a elas uma esticadinha até minha casa. Meu faro de caçadora é bom. O meu timing, melhor ainda. Não deu outra: uma hora mais tarde, já estávamos todas lá em casa.

No início, achei que as três estavam me medindo. Não pareciam ser sapas com muita atitude. Nenhuma delas tinha perfil de "abelha rainha", todas eram meio "operárias", e sem liderança. Talvez nem fossem exatamente sapas. Tentei arregimentar todas elas numa mesma brincadeira, mas elas escorregaram. A única que se chegou foi a loira. A morena e a mulata ficaram distantes de nós duas, e pareciam ter um arranjo afetivo próprio. Eu deixei tudo rolar solto e tirei a roupa da loira. Me irritou um pouco a falta de asseio dela, por conta do cheiro intenso de xixi maturado na sua buceta. As outras duas tomaram o cuidado de se lavar antes de começarmos uma brincadeira entre elas. A loira não. Mas tudo bem, bati para ela uma siririca bem intensa para a "tipa", visando resultados imediatos. A seguir, arrastei a loira mijada para a minha Jacuzzi, pois estava morrendo de vontade de enfiar a cara naquela buceta. Obviamente, lavei bem as partes da moça antes de fazer a imersão. Ela se derreteu toda. Impressionante como era desleixada a moça. Buceta peluda demais, parecia um terreno baldio. Isso para não falar da virilha abandonada e das axilas mal aparadas. Não deixei por menos: fiz barba, cabelo e bigode nela. Deixei-a jeitosinha. Ela sentiu que rolava carinho da minha parte. Retribuiu com sua língua quente passeando por todo o meu corpo e entrando firme no me cu. Despertei uma demônia agradecida que vivia dentro dela. 
Quando saímos da Jacuzzi, nuas e enxutas, e chegamos na sala, vimos as outras duas, nuas na varanda, provavelmente tremendo de frio. Fomos até lá chamá-las para vir para dentro, e elas vieram meio relutantes, e não se juntaram a nós. Perguntei à loira o que estava acontecendo, e ela disse: "Não liga, não, parece que elas estão apaixonadas, andam estranhas comigo, me escantearam nas últimas vezes, soube que andam saíndo somente em dupla". Foi quando eu disse para a loira: "Vem comigo, vamos arrepiar". Cheguei já chupando os peitinhos da mulata e massageando a buceta da morena. A loira veio no meu vácuo, e começou a lamber o cu de uma delas enquanto enfiava o dedo no cu da outra. Tinha tudo para embalar e virar uma suruba. Mas não. As duas continuaram relutantes, meio esquivas. Foi quando me ocorreu propor a elas um drink. E peguei uma infalível garrafa de Mescal com um escaravelho dentro, que trouxe de uma viagem ao Mexico ano passado. As quatro beberam o primeiro cálice. Depois, renovamos o brinde a pretexto de não deixá-las pegar um resfriado depois de tanto tempo nuas na varanda. 

Quando já estavam todas doidonas de Mescal, convoquei a loira a retomar o ataque às outras duas. E finalmente deu certo. Atacamos as duas sem piedade, e as deixamos explodindo de tesão. A mulata era magra, mas tinha um bucetão magestoso, Enfiei um vibrador básico no cu dela enquanto chupava sua buceta até sentí-la gozar na minha boca. Gozo intenso, abundante, descontrolado. Passei-a para a loira dar o arremate final e ataquei impiedosamente a buceta e o cu da morena, que gritava feito uma desarvorada de tanto prazer. Enfiei na buceta dela um pintão de latex propositadamente torto, com massageador de clitoris incluído. Ela, já sem voz, olhava para mim como se estivesse tendo uma síncope. Depois de gozar algumas vezes, desabou no sofá da sala, com as pernas abertas e a bunda para cima. Entreguei-a nas mãos da loira, puxei a mulata para perto e finalmente conseguimos começar uma suruba a quatro.  E a sacanagem rolou solta até por volta da meia noite, sem parar, com aquelas funcionárias públicas meio apáticas a princípio se chupando sem parar e se esvaindo num gozo ruidoso e lindo de se ver.

Fui até a cozinha e servi uns salgadinhos para elas para repor as energias e engatar um segundo round, mas a mulata e a morena, sorrindo, disseram que precisavam ir embora, pois tinham que acordar cedo no dia seguinte, e inteiras. Mas saíram de casa felizes e satisfeitas. Deixaram seus telefones e disseram que querem repartir a dose numa outra ocasião. Sobrou lá em casa só a ex-loira mijada, agora uma loiraça exuberante. Das três, era a mais gostosa. Seu nome era Edilaine.
Saímos as duas pela madrugada, bêbadas de Mescal, atrás de cigarros -- os dela haviam acabado. Difícil achar o Dunhill vermelhinho que ela fuma no CPE, em frente à Igreja do Embaré. Tentamos o Restaurante Olímpia, mas já estava fechado. Propus a Edilaine irmos até alguma lanchonete no Centro, mas ela disse que tinha medo. Daí, o jeito foi seguir para São Vicente, pois o Quiosque da Cris com certeza estaria aberto. Estava. E estava quase vazio. Um casal (marido e mulher, que fique bem claro) estava tentando ser atendido, mas a garçonete bichinha insistia em dizer que a cozinha não estava mais funcionando. Dissemos para a bichinha que era muito cedo para fechar, que aquele lugar tem uma tradição notívaga que não estava sendo honrada, etc e tal, mas não adiantou. Se Cris estivesse por lá, o casal seria atendido. Como não estava...
Ficamos conversando com o casal inconformado. O nome dele era Clodoaldo, mas disse que seus amigos o chamavam Clodão. O nome dela era Morgana. Eram de Nhandeara, uma cidadezinha no interior de São Paulo, não muito longe de São José do Rio Preto. Tinham um sotaque caipira assustador. Eu, que sou de Minas e conheço muitos sotaques medonhos, afirmo categoricamente: o deles era um exagero. Mas eram um casal muito bonito. Ele, moreno, forte, tatuado. Ela loira, peituda, bunduda, coxuda, entre outros predicados. Estavam em São Vicente hospedados num apartamento que alugaram pela web e que estava imundo e completamente detonado. Estavam achando a cidade um horror. Propus aos dois que, para deixar uma boa imagem da nossa região, viessem até minha casa, pois teria o maior prazer em cozinhar alguma coisa para eles em plena madrugada.
Eles toparam. E vieram conosco. Preparei um fetuccini com molho branco, manjerona e bacon. Receita rápida, fácil de fazer -- até para mim, que sou uma péssima cozinheira. Pois eles adoraram. De sobremesa, servi taça de sorvete com Bis e licores. Foi quando Clodão bateu o olho na garrafa de Mescal com o escaravelho dentro e ficou espantado. Expliquei que trouxe a garrafa do México e que, poucas horas atrás, tinha servido Mescal para Edilaine e duas outras mulheres numa tentativa de dar algum gás a uma suruba meio desanimada entre nós duas e outras duas mulheres. O casal sorriu nesse momento. Disseram que Nhandeara, onde moram, é muito provinciana, mas conheciam uns casais em Monte Aprazível, Mirassol e Votuporanga que gostavam desses embalos em grupo, e que se encontravam nos finais de semana, sempre hospedados nos sítios ou fazendas de alguns desse grupo de amigos. Perguntei se eles gostavam dessa brincadeira. Ele olhou para ela e disse: "Gostávamos, mas cansamos, começou a rolar muita cocaína, e onde tem cocaína tem psicopatas". Disse, olhando para Edilaine: "Nós gostamos de surubas, e não gostamos de cocaína". Edilaine sorriu e me beijou. Arrancou minhas roupas e começou a chupar meus peitos alí na mesa mesmo, diante do casal, que parecia estar gostando bastante do que estava vendo. De repente, Morgana levantou da cadeira, arrancou as roupas de Edilaine e começou a chupá-la por trás, da nuca até o cu. Seguimos as três para minha cama king-size, onde, completamente nuas, engatamos uma segunda suruba naquela mesma noite. Morgana era gostosona, toda preparada, com silicone pelo corpo todo e parecia uma dançarina do Tchan, mas tinha lá os seus encantos. E Clodão assistia a tudo, com seu pau enorme nas mãos, batendo uma punheta suave enquanto nós três nos entrelaçávamos sobre o lençol. Num determinado momento, ele pediu para entrar na brincadeira. Morgana disse: "Não, quietinho aí". Ele obedeceu. E ficou nos observando enquanto nos divertíamos com a série de vibradores Os Vingadores que eu acabei de receber pelo Correio. Quase brigamos para ver quem iria vestir o Dildo Hulk, e em qual buceta ele iria sambar. No final, todas usamos, e todas encaramos. Mulherada intrépida...  
. Só depois de meia hora de muita putaria com os amiguinhos acima, mais as tesourinhas e um 69 triplo mortal, Morgana chamou Clodão para deitar na cama, puxou nós duas pelo braço e ofereceu o pinto de Clodão para nós chuparmos. Aceitamos de imediato. Edilaine batia com o pinto dele contra sua cara enquanto eu chupava seu saco e enfiava o dedo no cu dele, e Morgana esfregava sua buceta sentada no braço esquerdo musculoso dele. Quando ela finalmente enterrou o vibrador do Capitão América no cu do maridão, ele finalmente gozou -- e olha que ele segurou o quanto pode, quase 15 minutos --, nós duas ficamos encharcadas de tanta porra que voou nos nossos rostos. Espalhamos aquele líquido pela nossa pele e chamamos Morgana para lamber em nossos corpos o sêmen de seu maridão. Foi uma pândega. Culminou com Morgana arrastando Clodão para uma chuveirada reanimadora, enquanto Edilaine e eu assistíamos ao espetáculo quietinhas, da Jacuzzi, com nossas mãos entrelaçadas, alegrando nossas bucetinhas. Ver Morgana dando o cu para Clodão debaixo do chuveiro foi um tour de force para aquela noite memorável. Verdade seja dita: Clodão faz juz ao apelido no aumentativo. O caipirão pintudo não é fraco não.
Já eram 6 da manhã. Estávamos destruídos. Servi café com ciabatta com queijo e mamão papaya para as meninas e uma Caracu com ovo para Clodão (pedido dele). Nós, meninas, comemos em silêncio. Não sabíamos o que dizer uma para o outra. Ríamos vez ou outra. 

Deixei todos em suas casas depois do café, voltei, arrumei minha mala e segui para o Aeroporto de Guarulhos rumo ao tal Campo de Golf high-tech de Idaho, que está com todo o jeito de ser uma bela roubada. Tomara que esteja enganada. Cansada como estou, devo dormir antes mesmo do avião decolar de Cumbica e acordar na hora em que pousar em Los Angeles. 

Me ocorreu agora que se eu contar para Manuel, maluco por surubas como ele é, que promovi duas numa mesma noite aqui em casa -- e sem putas envolvidas --, ele se muda para cá e nunca mais vai querer ir embora daqui. Melhor ficar quieta. Sabedoria mineira.

Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA.





Wednesday, May 20, 2015

VOVÓ, MAMÃE, TITIA E O DOCE DELEITE DE UM AMARCORD FLATULENTO

Em Muzambinho, no Triângulo Mineiro, na fazenda onde eu nasci e fui criada, era muito comum fazermos churrasco com carne de porco. Papai adorava. Vovó então, comia carne de porco até se empapuçar. Já mamãe evitava, e sempre me dizia: 

"Você é uma menina, vai peidar muito se comer carnes perfumadas assim, melhor evitar". 

Eu nunca questionei. Respeitava muito os conselhos de Mamãe. Era uma mulher muito esclarecida. Tudo o que ela dizia, eu simplesmente acatava. Mas confesso que achava que havia um pequeno exagero naquilo tudo. Tanto que, sempre que mamãe não estava por perto, nunca deixei de comer carne de porco, e nunca me senti flatulenta nas horas seguintes. Mas comia com moderação, ao contrário de Vovó. 

De qualquer maneira, o conselho de Mamãe permaneceu aceso em minha mente como um alerta. Até hoje, aos 69 anos de idade, ele continua acoando na minha cabeça. 

Pois bem: nesse último domingo de Páscoa, fui convidada para almoçar no sítio à beira da represa, em Riacho Grande, de um casal amigo que é babado fortíssimo, com quem andei brincando de "threesome" tempos atrás. Fui achando que iriam servir uma bacalhoada, ou algo assim. Para minha surpresa, o almoço de Páscoa foi Churrasco. Pior: um churrasco temático, só com cortes de Carne de Porco. 

Encarei com algum receio e com muita parcimônia, sempre lembrando dos conselhos de Mamãe. Mas então a conversa foi ficando mais quente, e eu, que era meio reticente a costelinhas ao molho barbecue -- achava que era coisa de texano viciado de catchup -- , fiquei encantada. Nunca tinha provado algo tão divino. Lá em Minas não se come dessas coisas. Acabei comendo muito além do que devia. Depois fiquei pensando:

 "Bom... melhor parar por aqui, pois se esses dois me chamaram com segundas e terceiras intenções, posso ter problemas digestivos durante a noite e aí não vai ser nada legal". 

Mas não, foi tudo muito tranquilo, deu tudo certo. Realmente os dois tinham outras intenções comigo. Dormimos juntos os três, depois de quase três horas de muita sacanagem à beira da lareira da casa. Impressionante como faz frio à noite à beira daquela Represa. 

Mas, por volta das 4 da manhã, aconteceu o que eu temia: acordei com muita vontade de peidar. Fui ao banheiro no meio da madrugada sem acordar os dois e fiquei horrorizada com o fedor que emanava de dentro de mim. Carne de porco já é naturalmente perfumada, com aquele molho adocicado então é um perigo. Fiquei mais de meia hora no banheiro, até me sentir segura para voltar a encarar o mundo lá fora. Deixei o vitrô aberto quando saí, peguei um ventilador com pedestal que vi pela casa e o trouxe para dentro do banheiro, onde o deixei ligado e empurrando o ar carregado para fora. Dez minutos depois, não havia mais o menor sinal do cheio ruim.

Depois daquilo, não tive coragem para voltar para a cama com eles. Tomei um banho, fiz um café e fui para a varanda da casa ver o dia amanhecer, enquanto lembrava de minha infância na fazenda. 

Aquela enorme Represa esvaziada pela Seca no Sudeste, que lembrava mais um rio pequeno, me levou de volta a Muzambinho, e às estrepolias que eu fazia com as primeiras meninas e os primeiros meninos da minha vida.

Os primeiros meninos da minha vida foram, claro, meus primos, que moravam em fazendas no Triângulo Mineiro, e que eu via muito esporadicamente. Confesso que tinha um pouco de medo deles. Mamãe, que foi iniciada sexualmente por primos antes de conhecer Papai, me deu muitos conselhos nesse sentido assim que completei 14 anos de idade e passei a ter um corpo atraente. 

Mamãe dizia: "Filha, tome muito cuidado, vida na roça tem poucos atrativos, e é natural que a gente acabe se envolvendo sexualmente com primos ou com peões da fazenda. Foi assim comigo. Dei pra muita gente. Por sorte, nunca engravidei, nem peguei doenças, e ainda encontrei um companheiro muito compreensivo no seu pai. Tome cuidado. Esses meninos fazem sexo com animais, frequentam prostitutas que desconhecem higiene pessoal e espalham sífilis e gonorreia por aí sem o menor constrangimento. Essas mulheres não tem a menor preocupação em educá-los sexualmente para que virem bons companheiros de cama para suas mulheres. Minha preocupação maior é que você engravide, ou pegue alguma doença deles. É muito perigoso. Saiba escolher bem os seus futuros parceiros sexuais. Não tenha medo de deixar de ser virgem, mas seja cautelosa."

Era a voz da experiência falando, e eu ouvia com muita atenção. Sempre que a família se reunia, rolava um assédio dos meninos pra cima de mim, um ou outro me chamava para cavalgar pela fazenda logo pela manhã, e eu dizia não. 

Mas a curiosidade sexual é muito forte nessa idade. E eu nunca fui de ferro. Daí, em vez de dar para meus primos me comessem, preferia saciar minha curiosidade sexual brincando com meus dois irmãos mais velhos, que se escondiam para me ver tomando banho no rio. 

Não fazia nada demais com eles. Deixava que me apalpassem e me chupassem. Fazia boquetes neles, e deixava eles gozarem na minha boca. Batia punheta para eles dois ao mesmo tempo. Me esfregava com eles, trocávamos carícias, mas penetração, nem pensar. Cheguei a ameaçar os dois uma vez, dizendo que se forçassem a barra comigo usando de violência, eu contaria tudo para a família inteira e a brincadeira acabaria. Eles acataram. Eram bons meninos. 

De certa forma, eu sempre tentava passar para eles as lições de vida que Mamãe passava só para mim: que zoofilia não é legal, que putas gonorrentas e sifilíticas devem ser evitadas ao máximo, e que o importante era que eles se relacionassem com mulheres limpas e fossem bons amantes para elas. 

Era engraçado eu dar tantos conselhos para os dois sem ter nunca dado para ninguém na vida. 

Mas, mesmo assim, acho que tive um papel fundamental na formação dos dois. 

Houve uma vez, no entanto, em que um primo meio distante, lá de Uberaba, se insinuou e eu cedi aos encantos dele. Não aguentava mais fazer tanta sacanagem com meus irmãos e continuar virgem. Estava na hora de dar um passo adiante naquela brincadeira repetitiva. 

Fomos tomar banho de rio juntos e depois viemos para a margem. E, para meu azar, não foi nada bom. O coitado fodia muito mal, era completamente desajeitado. Pensei que por ser da cidade, ele tivesse outro tipo de experiência de vida. Ledo engano. Deve ter sido escolado por umas putas bem primárias. 

Só serviu mesmo para me libertar do maldito lacre vaginal. 

Daí em diante, me senti uma mulher livre. 

Livre inclusive para nunca mais querer foder com outro homem depois daquilo, se fosse o caso.

Mas não foi o caso, claro. 

Pelo contrário, despertou minha curiosidade pelas minhas primas. 

Devorei uma por uma antes de completar 16 anos. 

Quando casaram -- mulher casa muito cedo em Minas --, passaram a me evitar como o diabo foge da cruz. 

Duas delas, depois que enviuvaram, voltaram a me procurar. Uma chegou até a me dizer que era eternamente grata pelos momentos que proporcionei a ela. Não disse nada a ela, achei aquilo tudo muito triste. 

Graças aos conselhos de Mamãe, não tive a vida patética que elas tiveram.

Enquanto amanhecia, eu olhava para a Represa vazia, que mais parecia um riacho, e lembrava de um momento muito especial que tive com uma tia aos 17 anos de idade na fazenda. 

Essa tia era uma prima bem jovem da minha mãe, tinha não mais que 30 anos na ocasião, e era considerada solteirona para os padrões da família. 

Rolava uma dessas festas de família lá na fazenda. A casa estava cheia e, para acomodar a família toda, me colocaram junto a ela em colchonetes no chão do quarto da Vovó. 

Como Vovó tinha problemas sérios de flatulência, era simplesmente impossível dormir no mesmo quarto com ela depois de um churrasco. 

Nós duas passamos aquela noite em claro, longe do quarto empesteado por aquele fedor ancestral. Primeiro fomos para a sala, onde conversamos calorosamente, nos insinuando uma para a outra o tempo todo. 

Quando a conversa esquentou pra valer, trocamos beijos, depois pegamos algumas toalhas e fomos tomar banho nuas no rio. Foi maravilhoso. Pela primeira vez, eu estava diante de uma mulher de verdade, não de priminhas atrapalhadas que mal sabiam se masturbar. 

Titia era craque. Sapa de armário com anos e anos de experiência na Velcrolândia de Belo Horizonte. Me ensinou truques inestimáveis. Brincava com as reações do meu corpo com uma maestria assombrosa. 

Pela primeira vez na vida, senti o que era a verdadeira satisfação sexual.

Titia casou pouco depois disso com um médico e mudou para a Alemanha. 

Nunca mais a vi. 

Sei que ainda é viva, sei que o casamento foi de fachada -- o médico é do babado também --, mas nunca mais nos falamos desde então. 

Provavelmente, ela não tem a menor noção do quanto foi importante para mim. 

Confesso que morro de medo de reencontrá-la novamente. Sempre que vejo Natália Timberg e Fernanda Montenegro juntas aos 80 e tantos anos trocando beijos na novela das 9 da TV Globo, tenho certeza de que não quero vê-la novamente. 

Prefiro ter Titia linda e jovem, cristalizada nas minhas lembranças. 

Já passava das Sete da Manhã e eu decidi descer a Serra logo cedo, mas liguei antes para meu chefe Manuel Mann -- vocês o conhecem bem --  para saber se a entrada de Santos ainda estava interrompida por conta do Incêndio nos Tanques de Combustível. 

Manuel me tranquilizou dizendo que estava tudo bem, para descer tranquila, e pediu que eu estmasvesse no Café Carioca (Praça Mauá, ao lado do Palácio da Prefeitura), às 11 da manhã para um brunch com pasteizinhos (5 reais cada) e bolinhos de bacalhau (6 reais cada), onde faríamos uma reunião de pauta e ele me apresentaria duas estagiárias recém-contratadas -- "muito talentosas", diz ele -- que pescou numa palestra recente que deu numa Universidade em Santos.

Então eu desci. 

Sem pressa. 

Pensando na Titia, e naqueles momentos inesquecíveis ao lado dela.

E, claro, curiosa para checar o shape das novas garoupinhas do Manuel, pois aquele portuga galante não dá ponto sem nó. 

Assim que passei pelo Incêndio nos Tanques de Gasolina na Entrada de Santos, pensei cá com meus botões: "Ainda bem que a crise de flatulência que herdei de Vovó ficou lá, na atmosfera de São Bernardo do Campo. Já pensou que perigo passar diante desse fogo todo aqui com tantos gases tentando escapar do corpo da gente?"


Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA




CALOR NA BACURINHA NO EQUINÓCIO DE MARÇO


Tinha um roqueiro inglês dos anos 1970 bem viadinho chamado Tom Robinson, que cantava uma musiquinha panfletária bem chocha que lembrava The Kinks, só que sem o senso de humor implacável das canções de Ray Davies, líder dos Kinks, chamada "Sing If You're Glad To Be Gay". Virou hino na época, apesar de não merecer.

Pois bem: eu acho um saco esse nhem-nhem-nhem de "Glad To Be Gay". Odeio fazer parte (indiretamente) desse embuste chamado Gay Pride. Tudo conversa pra biba dormir. Bichas podem ser muito divertidas 30% do tempo, mas nos outros 70% são insuportavelmente chatas. 

Verdade seja dita: Sapas Have More Fun!




Eu sempre fui Sapa. E sempre tive plena consciência das minhas preferências sexuais. Sim, porque preferência, para mim, não é sina. É preferência, apenas. O fato de ter um apreço todo especial por bucetinhas nunca foi um empecilho para que eu fizesse fizesse barba, cabelo e bigode em uma piroca de tempos em tempos. Sou Sapa, mas, antes de mais nada, sou mulher prá caralho. Me desculpem o linguajar chulo, mas cansei de não ser compreendida por ser sutil demais. 

O caso é que todo ano nessa época, em pleno Equinócio de Março, bem no início do Outono, acontece alguma espécie de transformação em mim, e, repentinamente, volto a ter vontade de brincar com os meninos. Falando português bem claro: volto a ter vontade de levar rola na perseguida. É uma espécie de chamado selvagem, de um tipo que Jack London jamais entenderia. Um comichão sazonal. Dura uns dez dias, e depois passa. Mas, enquanto dura, provoca sempre uma série de acontecimentos pitorescos na minha vida.




Para que vocês tenham uma ideia, teve uma vez, 40 anos atrás, que eu embarquei numa festa de meninos -- uma surubinha soft com três amigos, em que rolou uma DP bem carinhosa. Pois bem: um mês depois da brincadeira, eu descobri que estava grávida. Pensei comigo mesma: "É muita sacanagem! Faço isso uma vez a cada ano, não é justo eu ser penalizada assim!". Qualquer um dos meus três amigos poderia ser o pai. Esperei mais um mês e meio para ver se não brotava em mim alguma espécie de instinto materno. Nada. Então não tive dúvidas: peguei o endereço de um obstetra que tinha uma clínica de abortos clandestina, e me internei lá. Já internada, eu dizia para o obstetra: "É possível uma coisa dessas, Doutor? É ou não é muito azar? Eu sou Sapa! Eu não mereço passar por isso! Em seus muitos anos de profissão, o Senhor já cuidou de algum caso semelhante ao meu?" Ele ria meio assustado comigo e balançava a cabeça, indicando que não. Pensei comigo mesma: "Meu Deus, só eu para conseguir deixar um médico aborteiro enrubecido!"

Pois bem: o Outono acaba de chegar e já estou sentindo os velhos comichões novamente. Nunca falha, é impressionante. Isso sim é que é Instinto Selvagem, o resto é perfumaria. E que atire a primeira pedra quem nunca viveu um momento Dr. Jeckyl & Mr. Hyde. 



Nesses dias, o jeito é fazer como as mulheres solteiras e (ou) descoladas fazem: Vou à Caça. 

O fato de ter 69 anos de idade poderia ser um problema, mas, curiosamente, ainda não é. Engano bem a minha idade. Estou em forma, inteiramente recauchutada, com seios novos bem bacanas -- tenho muito orgulho deles! -- e minha velha bucetinha inteiramente redesenhada, para esconder sinais de velhice. Como dizia um velho amigo, não há nada mais bandeiroso que buceta de velha: é escura por fora e vermelha lá no fundão, como um Rosbife que assou demais no forno. A minha era assim até dois anos atrás. Não é mais. Ficou linda, está parecendo bucetinha de adolescente. Está tão apertadinha que tenho até medo de foder com algum bofe bem dotado demais nesses primeiros dias de Outono. Por sorte, os homens que peguei nesses últimos dois anos tinham trombas com dimensões de acordo com meus novos orifícios. Sim, porque meu cu também passou por um "extreme makeover". Ganhei pregas novas em folha, e está tudo rosinha que nem cu de bebê depois de várias sessões de clareamento anal. Modéstia à parte, estou uma bonequinha aos 69 anos.



Então, se antes eu me vestia para matar na hora de ir à caça, hoje eu pego mais leve. Ao invés de apostar minhas fichas num traje sexy e provocante, que pode destoar demais da minha idade, hoje eu prefiro colocar um vestido discreto, fino e levemente sensual, que indique claramente que não estou usando nem soutien e muito menos calcinha. Capricho no make-up e vou à luta.

Sexta-feira passada, no auge do comichão, fui a um bar cuja dona é uma velha amiga, e que é frequentado por pessoas de meia idade aqui da cidade. Assim que cheguei, sentei à mesa dela -- sempre uma mesa grande, agregadora, com dois casais e alguns homens e mulheres desgarrados -- e me preparei para flertar com algum dos homens presentes.

Mas antes mesmo que eu começasse a fazer isso, senti uma mulher muito interessante olhando fundo nos meus olhos. Era uma advogada de cinquenta e poucos anos, bonitona, olhos claros, com um jeitão meio austero, mas sorridente o bastante para me cativar de imediato. Seu nome: Wilma. Começamos a beber e conversar, e duas horas depois já estávamos lá em casa, nuas e completamente bêbadas na minha cama, dando tapões na bunda uma da outra com raquetes de ping-pong, e rindo muito. Pedi para que ela me fodesse com uma cinta peniana que comprei um dia desses pelo Correio e ainda não tinha estreado. Ela gostou bastante, nunca tinha feito isso. Depois foi minha vez no troca-troca, que durou até a manhã de sábado. 
Como Wilma também gosta de homens, combinamos ir à Caça juntas no sábado, e seguimos até uma boate no Centro da Cidade. Pegamos dois garotões do tipo "bimbo", marombados de praia, com alma de gigolô, que logo acharam que iriam se criar em cima de nós duas, que posamos de mulheres carentes. Na cabeça desses bofes, depois de uma ou duas sessões de sexo olímpico, quase heróico, iriam morder nossas carteiras pelo tempo em que implorássemos que permanecessem ao nosso lado. Mal eles sabiam que seriam descartados logo depois da primeira noite. Propusemos a eles uma surubinha, com nós quatro juntos num hotel. Foi muito bom. Para mim foi curioso embarcar numa suruba depois de tantos anos. Infelizmente, não teve a leveza que costumava ter lá atrás, em tempos pré-AIDS. Mas foi engraçado. Se bem que, lá pelas tantas, a coisa toda ficou um tanto quanto incômoda. Não tenho saco para gente que posa na hora de foder. Esses gigolozinhos de hoje são narcisistas demais. Aprenderam a foder vendo filmes da Vivid Video. Parecem viver um ardente caso de amor com eles próprios. 

(desde que enviuvou, Wilma faz uso constante dos "serviços" desses gigolozinhos em início de carreira, mas é a primeira a afirmar que o "nível do serviço" baixou demais nos últimos anos, e afirma: não se faz mais gigolôs como antigamente)

Nesta última segunda-feira, depois do trabalho, eu estava na Realejo Livros, na Praça da Independência, tomando um cafezinho com Wilma, e ela me disse que tem sido uma experiência e tanto conhecer biblicamente a autora dos textos sacanas que saem publicados aqui em LEVA UM CASAQUINHO. 

Eu agradeci, meio encabulada. Disse a ele que para mim ainda é um problema fazer relatos tão bandalhos num blog e depois andar pela rua como se fosse uma "pessoa normal". 

Wilma gargalhou alto. Disse a ela, rindo: "Querida, entenda uma coisa, eu sou mineira... posso ser uma libertina, mas sou, antes de mais nada, uma provinciana".


E então, eis que entra na Livraria uma bicha alta, grisalha e bem pintosa, Waldyr, que conheço há muitos anos, e que, até onde eu sei, nunca leu um livro na vida. 

A bicha pede a biografia do Pepe, lendário jogador do Santos Futebol Clube, e o meu amigo Zé Luiz Tahan, dono da Realejo, muito pacientemente, explica à bicha que ainda não tem o livro para vender, pois ele ainda não existe -- ainda vai sair, está no prelo. 

A bicha olha para o Zé e começa a rir muito, provavelmente por não saber o que é "prelo" -- deve ter achado ser alguma safadeza, afinal não pensa em outra coisa....

Deixei Wilma folheando um livro com fotos históricas de Pelé, editado pela Realejo Livros mesmo, e puxei conversa com a bicha, que me contou estar vivendo um momento terrível. Sua mãe está com Alzheimer. Ele contratou uma ex-namorada dos tempos de adolescência para cuidar da mãe -- Waldyr se descobriu gay já adulto, servindo o Exército -- e essa ex-namorada, que hoje é uma solteirona bêbada extremamente mal humorada, resolveu infernizar a vida dele. O fim da picada, segundo Waldyr, foi ficar sabendo por um bofe amigo que toda vez que liga para a casa dele, a bêbada louca atende gritando: "O que é que você quer com o meu marido?". 

Depois de contar isso, Waldyr começou a chorar, dizendo não saber mais o que fazer com sua mãe e sua antiga ex-namorada, e que estava pensando seriamente em não voltar tão cedo para a companhia das duas. 

Pensei comigo mesma: "Vou arrastar a bicha lá pra casa, dar um pouco de vinho e de colo, ouvir mais lamúrias e depois devorar a bicha, pois faz tempo que eu não desencaminho um espécime desses". Pensei ainda mais longe: "Vou fazer com que a bicha tenha uma ereção com uma mulher como nunca tem desde a adolescência, quando fodia a hoje cuidadora de idosos bêbada.

Perguntei para Wilma: "Você encara a bicha aí?" 

Ela respondeu: "Eu passo, divirta-se". 

E lá fui eu, para casa, com Waldyr, em prantos, a reboque. Engatei um boquete na bicha dentro do elevador. Já dentro de casa, deixei a bicha completamente nua, e em seguida mandei que sentasse no sofá para poder dar continuidade ao boquete enquanto enfiava o Deep Purple aí da foto abaixo no fiofó dele. Waldyr ficou tão excitado que gritava "Ai meu Deus! Ai Meus Deus!" enquanto gozava abundamente na minha boca. Foi engraçado. Em seguida ofereci minha bunda toda arreganhada para ele. Pois não é que a bicha bombou às mil maravilhas, com Deep Purple enterrado em seu derrière? Bicha é fogo: nem quis saber da minha buceta, foi direto no meu cu, e ficou por lá a noite inteira.
Waldyr desemprenhou tão bem que acordou no dia seguinte em crise de identidade. Deixou as viadagens de lado e começou a se comportar como um cavalheiro. Disse a Waldyr para deixar de ser ridículo. 

Ele respondeu: "Você não está entendendo.... eu adorei ontem à noite... e eu quero mais..". Me convidou para jantar. 

Eu respondi a ele: "Só se você trouxer com você alguma amiga para me apresentar". 

Waldyr disse: "Huuuumm... me aguarde!"



Nos encontramos mais à noite no tradicionalíssimo Restaurante São Paulo, na Rua Carlos Afonseca esquina com Galeão Carvalhal. 

Eu cheguei antes e segurei uma mesa. Waldyr chegou 15 minutos depois, acompanhado de uma morena linda com porte de bailarina chamada Amanda -- um mulherão de tirar o fôlego, lindíssima, 45 anos, recém-divorciada, e recém-convertida à Velcrolândia.

Conversamos muito enquanto comíamos -- e como se come bem naquele lugar. Amanda e eu dividimos uma travessa enorme de Filet à Daniel, com dois bifes bem grandes de filet mignon com molho roty, acompanhado de arroz branco e batatas portuguesas fritas (110 reais). Waldyr preferiu um prato expresso de Meca Santista, com molho de camarões, risoto de pupunha, farofa de banana (45 reais). Bebemos 6 garrafas de 600 ml cada de cerveja Paulistânia e provamos todas as cinco variedades dela disponíveis no cardápio (13 reais cada).

Ao sairmos do Restaurante, propus aos dois irem até meu apartamento para um cafezinho, um licor e algo mais. Waldyr olhou para Amanda e disse: "Meu Deus, é hoje que vou ter que comer minha melhor amiga". Amanda sorriu, deu um abraço nele, e respondeu: "Engano seu, bicha, nós duas é que vamos comer você, prepare-se para o abate.". 

Na manhã do dia seguinte, Waldyr acordou tão atrapalhado depois de ser devorado por nós duas num Ménage à Trois movimentadíssimo que resolveu voltar para sua casa e cuidar de sua mãe gagá e de sua antiga ex-namorada bêbada. Por pior que fosse, lá ele ao menos se sentia seguro e não corria o risco de ter suas convicções sexuais abaladas.

Quanto a Amanda, ficamos de nos encontrar novamente neste sábado. Tenho uma amiga lá de Minas que vem me visitar, e que ela vai gostar de conhecer.

Meninas, acho o comichão acabou.

Velcrolândia, there we go again!



Jurema Cartwright, 69, escreve 
semana sim, semana não, 
sobre suas aventuras amorosas 
e as delícias da baixa gastronomia 
em MANIA FEIA